Nosso artigo pela passagem dos 150 anos da Imprensa Antonense.

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Na qualidade de membro atuante do nosso Instituto Histórico e Geográfico da Vitória, agradeço à diretoria pela oportunidade de contribuir com esta edição histórica onde comemoramos o sesquicentenário da imprensa local. Escrever nas páginas de um veículo de comunicação com 150 anos de existência, não deixa de ser – perdoe-me a ironia – UM ORGASMO JORNALÍSTICO.

Em ato continuo, ainda saber também que permanecerei “vivo”, mesmo após o sono profundo na morada sem volta,  nos arquivos do nosso museu, ao lado de todos àqueles que empreenderam na arte da pena,  nessas últimas quinze décadas, não deixa de ser também um momento de reflexão (…) na morte, na vida e o que  fizemos com o tempo que usamos e o que faremos no espaço que ainda nos resta, indiscutivelmente, menor  do que aquele que  já nos foi ofertado pelo maior mistério de todos os mistérios.

Imaginar o impacto do ineditismo do primeiro numero do jornal – “O Vitoriense” – na nossa bucólica Vitória de Santo Antão, em 05 de novembro de 1866 ao passo que o Brasil Imperial começava rabiscar uma identidade nacional e que rareava os que já haviam se apropriado da condição cognitiva da leitura, não deixa de ser, para os curiosos, um delicioso e instigante exercício sociológico e antropológico.

Neste recorte de tempo, vale lembrar, nossa polis acabara de recepcionado a Família Real, 1859, e duas décadas depois, quebrava  a barreira do isolamento através da efetivação da estrada de ferro ambos, indiscutivelmente, acontecimentos relevantes para analisarmos e entendermos à pujante Vitória de Santo Antão de hoje. Não custa nada lembrar que foi através da locomotiva que os vitorienses passaram a ter acesso aos grandes jornais da Capital.

Na imprensa escrita, no que se refere aos jornais impressos na nossa Vitória de Santo Antão, fomos bem servidos. Tivemos para todos os gostos. Desde os contundentes aos mais arejados, passando por aqueles de vida longa,  como o “A VOZ  PAROCHIAL” e “O LIDADOR”, assim como os de vida efêmera. Aliás, deve-se ressaltar: praticamente todo este patrimônio local repousa nos arquivos do nosso Instituto Histórico  e Geográfico sob o manto protetivo e intransigente dos que nele tomaram assento, na qualidade de presidente. Atualmente, sob égide do preclaro professor Pedro Humberto Ferrer de Moraes.

Hoje, na aurora do século XXI, comunicação virou gênero de primeira qualidade. Antes, havia a sensação generalizada que o mundo girava na velocidade do interesse e da vontade de cada sujeito social. Não obstante à identidade e às garantias dos direitos individuais tão ameaçados pelos que insistem em sobrepor suas vontades e seus interesses capitalistas corporativos, como bem alertaram os estudiosos da escola Frankfurt, ainda na metade do século próximo passado, estamos sendo submetido, sob ponto de vista dos veículos de comunicação de massa, à robotização e à alienação tecnológica.

Por uma questão estratégica, estão nos passando, a todo momento, a informação que estar off-line é algo atrasado e inconcebível para um sujeito  que quer ser  atualizado e moderno. O Mundo, definitivamente, virou uma aldeia conectada que distancia quem está perto e “aproxima” quem se encontra distante.

Nossa Vitória de Santo Antão, torrão inserido neste contexto e a reboque das grandes transformações planetárias  as que chamo de “Tecnocentrismos”, na imprensa, continua viva.

Apesar de todo cidadão haver sido transformado em um  repórter de rua, em função do smartfone,  que lhe acompanha como  uma espécie de segunda pele,  sobretudo nos mais jovens, o ativismos nas redes sociais elevou a quantidade exponencialmente de informação à qual o sujeito está submetido mas, na ordem diametralmente inversa, perdeu-se o contato, na esmagadora maioria dos casos,   com o que realmente lhe é útil e saudável no que diz respeito ao conhecimento.

Portanto, amigos antonenses e companheiros do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão, em tempos de Whats App, Facebook e aplicativos funcionais das mais diversas ordens, gostaria de dizer que na atividade jornalística o único produto imperecível é o conteúdo de boa qualidade, independente da ferramenta e plataforma utilizada.

Viva A Imprensa Antonense! Seus jornais, suas rádios, sua TV, seus blogs e os famosos carros de som. Viva o Instituto Histórico e Geográfico e todos aqueles que construíram esse verdadeiro Patrimônio Material e Imaterial da Terra de Antão Borges Alves.

Obs: nossa contribuição para edição especial – 150 anos – do jornal antonense “O VITORIENSE“, fundado por Antão Borges Alves em 05 de novembro de 1866.

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