Especial de Natal – Mensagens: NATAL, 1940 – por José Tavares de Miranda

José Tavares de Miranda

Quando cessarem os ruídos da cidade,
quando as luzes da rua se apagarem
e somente o clarão das estrelas
alumiar os rostos das noivas sem esperança,
eu sairei do meu lugar, Senhor,
para celebrara vosso nascimento.
Não terei oferendas nem flores,

nem sequer poderei dar o meu canto:

ele é apenas eco
da vossa voz em meus ouvidos.
Somente andarei sem rumo pelos caminhos,
Nessa Noite de Natal.
Rondarei pelas ruas tristes e sem história
dos distantes subúrbios,
ouvindo ao longe o soar do sino das humildes igrejas.
Ó Senhor, serei um desconhecido na Grande Cidade.
E se por acaso alguém me vir nessa estranha madrugada,
rondando sob a luz das Três Marias,
imaginará que eu seja a Sentinela Esquecida.

(em TAMPA DE CANASTRA)

José Tavares de Miranda, vitoriense nascido a 16 de novembro de 1919, filho do Prof. André Tavares de Miranda. Fez os primeiros estudos na Vitória, sob os cuidados do seu genitor, e transferiu-se para o Recife, onde teve grande atuação na imprensa. Mudando-se para São Paulo, ali concluiu o seu curso de Direito (iniciado na Faculdade de Direito do Recife) na Faculdade de Direito do Largo S. Francisco, em 1939. Escritor, jornalista e poeta. Teve vários livros publicados inclusive de poesias, sendo estes últimos reunidos em um só volume: TAMPA DE CANASTRA. Faleceu em São Paulo (Capital) a 20 de agosto de 1992.

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