O décimo a responder foi o Lissandro Nascimento:

No transcorrer desta semana estaremos postando os comentários dos nossos “convocados”  à responder, minhas “provocações”, relacionada com a distorção existente na nossa cidade na questão: quantidade de blogs versus quantidade de habitantes.

Postarei na sequencia do recebimento das respostas. Para entender melhor ler matéria: Quem saberia responder?

O décimo a responder foi o Lissandro Nascimento:

Lissandro

Caro amigo Pilako,

Sua provocação a respeito da pouca quantidade de Blogs em Vitória de Santo Antão comparado com os demais municípios do interior de Pernambuco é pertinente. Nós que fazemos parte da direção da Associação dos Blogueiros de Pernambuco – ABLOGPE, temos acompanhado o mapeamento da blogosfera de modo mais presente. No geral, não chega a ser um problema, apenas mais um dado para análises.

Como tudo, em Vitória de Santo Antão as coisas acontecem com certa singularidade, nada se torna fácil desenvolver, sobretudo em um ambiente em que a cultura política é secundarizada no campo dos interesses pessoais.

Desde quando optamos em atuar na área de comunicação há seis anos com programa de rádio e cinco anos como Blogueiro, procuramos desenvolver nosso trabalho de forma diferenciada, atestando nosso compromisso com os mais íntegros interesses da sociedade. Não se trata de uma tarefa fácil, requer dedicação e compromisso com a verdade. Meu esforço no momento é viver tão somente hoje da blogosfera, a exemplo de alguns de nossos companheiros blogueiros espalhados pelo Estado. Não se trata só de uma vontade quando dependemos também do ambiente em que atuamos.

É nesse ambiente que entendo que Vitória de Santo Antão começa a quebrar o paradigma do que podemos chamar de PERMISSIVIDADE. A cidade inicia um novo processo que nos próximos anos terá influências nos campos sociais, políticos, econômicos e sobretudo, no campo cultural.

Para entendermos melhor o que provoco, nas relações interpessoais podemos observar uma dinâmica que aparentemente parece produzir relações mais amenas, menos tempestuosas e mais equilibradas.

É o caso de uma pessoa que tem tendência a submeter-se à direção de um outro mais dominante, com maior capacidade de argumentação ou inclusive com maior facilidade de manipulação. Aquela pessoa seria vista como passiva e em geral omissa. Ela pode inclusive mostrar-se bastante agradável e simpática. Essa é uma forma de usar a permissividade como fator de não assumir os próprios desejos e/ou responsabilidade por suas ações, sentimentos e pensamentos. Torna-se mais fácil simplesmente concordar com o outro e deixar que o outro assuma erros e acertos, permanecendo em um segundo plano. É assim que Vitória se comportou ao longo das últimas décadas nos principais acontecimentos e problemas crônicos atentes à nossa municipalidade, e com os Blogs, estes acabam sendo vítimas deste contaminado ambiente.

Esse tipo de relação tende a um “equilíbrio” no qual não há possibilidade de crescimento individual nem evolução da relação, pois cada qual se mantém no automático, inconsciente de suas motivações.

Podemos também reconhecer essa característica de permissividade ou autoindulgência em pessoas que utilizam esse aspecto como uma forma de manipulação semiconsciente, com o objetivo de atingir seus próprios desejos ou necessidades sem declará-los claramente. Essa atitude permissiva é baseada na ideia fixa de que ser “boa pessoa” equivale a não demonstrar e/ou expressar claramente seus desejos, necessidades e valores. Consequentemente a pessoa espera, por um lado, que outros adivinhem o que ela não tem liberdade para expor, além de não ter que assumir a responsabilidade por si mesma e por suas relações com os demais. Por outro lado, ocorre um medo de gerar conflitos que, por sua vez, possivelmente criariam rejeição.

De modo que esta ‘letargia intelectual’ de deixar que os outros assumam a opinião com e pela cidade de Vitória, reflete também em nossos instrumentos de Poder, a exemplo do nosso Executivo, Legislativo e Judiciário, e sobretudo, no Ministério Público Local que é omisso em vários aspectos.

Por conta do meu trabalho como blogueiro em Vitória de Santo Antão já fui ameaçado de processo judicial, já fui vítima de covardes comentários e de tentativas de desmoralização, já fui vítima de uma tentativa de aniquilamento por parte de um político renomado no Estado quando ‘bancou’ uns pseudos humanos invejosos para tentar nos derrubar. O fato de sermos pioneiros na cidade parece incomodar uns indivíduos que não entendem ou não querem entender o quanto o nosso veículo de informação é importante para a região. Para se ter um blog é preciso ter o que se falar e falar com propriedade.

Contudo, esta permissividade reinante está prestes a acabar. Tenho fé! O povo de Vitória de Santo Antão tem acumulado um amadurecimento político importante e saberá nos próximos anos atestar o que digo. A liberdade de expressão, o respeito ao contraditório e o debate de ideias não se devem baixar à permissividade!

A ‘velha mídia’ vitoriense detém grupos políticos e econômicos como donos, a blogosfera vitoriense conta com a espontaneidade do povo como seu dono. Eis a diferença! A questão é: “que tem coragem em botar a cara pra bater?”. No entanto, o pequeno número de blogs vitorienses não é preponderante no momento, o importante mesmo é que tipo de sociedade estamos construindo e como devemos cobrar para que os meios de comunicação do Município sejam transparentes, democráticos e compromissados com a liberdade de expressão, já que as emissoras de rádios e TV são concessões públicas.

Que bom que os atuais blogueiros de Vitória de Santo Antão sejam os primeiros a quebrar este modelo excludente. A minha parte estou cumprindo… os meus acertos e  erros o processo histórico julgará, em razão do nosso Blog já se encontrar no livro oficial da história vitoriense. Aproveito para estimular que tantos outros façam o mesmo. Vale a pena! O medo e a permissividade não combinam com aqueles que enxergam na escrita um patrimônio universal. A blogosfera já é uma realidade no mundo e atesto… a blogosfera é inevitável.

Lissandro Nascimento
Blog A Voz da Vitória.

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