Um despretencioso olhar no 1º de Maio do Mundo, do Brasil e principalmente no de Vitória.

O 1º de maio é o Dia do Trabalho. Comemorada desde o final do século 19, a data é uma homenagem aos oito líderes trabalhistas norte-americanos que morreram enforcados em Chicago (EUA), em 1886. Eles foram presos e julgados sumariamente por dirigirem manifestações que tiveram início justamente no dia 1º de maio daquele ano. No Brasil, a data é comemorada desde 1895 e virou feriado nacional em setembro de 1925 por um decreto do presidente Artur Bernardes.

A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) foi criada em 1º de maio de 1943. A data em nosso País sempre foi marcada por anúncios de aumento no salário mínimo. Este ano os empregados domésticos comemoram a passagem da data com significativos avanços para categoria.

Muito bem, revirando meus arquivos sobre a história da nossa cidade encontrei uma narrativa do Mestre Aragão alusiva aos “primeiros passos” das classes trabalhadoras em  nosso município.

José Aragão pag 5

A ASSOCIAÇÃO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO – TENTATIVA DE TRANSFORMAÇÃO EM SINDICATO

Fundação – Sob o título “justo apelo”, estampava “O Lidador” de 15 de agosto de 1914 editorial concitando os empregados do comércio local a “erguerem-se do marasmo em que estacionam, talvez por falta de uma iniciativa”, pois “já se faz preciso debelar o entorpecimento intelectual em que jaz esse elemento tão precioso em nosso meio social e comercial. Deviam fundar uma associação para tal fim.”

O apelo do antigo hebdomadário caiu no vazio.

Só a 29 de maio de 1921 se organizaria, na Vitória, a “Associação dos Empregados no Comércio”, tendo como finalidade, segundo os estatutos: a) “reunir fraternalmente os seus associados, defender os seus interesses, protegê-los, enfim proporcionar-lhes, a juízo da Diretoria, diversões em sua sede social; b) discutir e pleitear dos poderes públicos todas as questões de interesse da classe.”

Obrigava-se, ainda, a Associação a: 1) festejar o seu aniversário de fundação; 2) manter uma biblioteca; 3) publicar um jornal; 4) procurar colocação para associado desempregado; 5) adquirir prédio próprio.

Podiam ser sócios todos os empregados no comércio, maiores de 14 anos, de moral comprovada, residentes na cidade. Deviam os sócios pagar uma jóia de 3$000 e a mensalidade de 1$000.

Entre os sócios fundadores aparecem: João de Lemos Vasconcelos, Antônio da Câmara Pimentel, Sebastião Pessoa de Luna, Pedro Celestino, Irineu Camelo Maciel, Jorge Campelo, Otacilio Montenegro, Raimundo Pinto, Severino Lira e Severino Augusto.

Realizava a Associação, semanalmente, sessões ordinárias, às 21 horas das terças-feiras.

Uma vez instalada, passou a movimentar a classe, mas, já em outubro, estabelecia multa de 3$000 para os sócios que faltassem a 3 sessões seguidas, e a pena de cancelamento do diploma, aos faltosos que se recusassem a pagá-la, havendo, então, segundo “O Lidador”, cancelado diversos.

No dia 3 de agosto de 1925, publicava a Associação o 1º número de seu jornal “O Baluarte”, que circulou, irregularmente, até 1936.

A 31 de outubro desse ano, procedia à exposição, em sua sede, dos retratos de Miguel Augusto de Lagos e de Eurico do Nascimento Valois, desenhados a “crayon” pelo consócio Luis Ferrer, sendo a homenagem motivada pelos benefícios proporcionados à classe pelos homenageados, quando prefeitos do município, regularizando o horário do fechamento do comércio.

Comemorava, então, o “Dia do Empregado no Comércio”, com sessão solene e uma exposição, na sede, de trabalhos de desenho, pintura e escultura de Luis Ferrer.

Já por esse tempo recebia a Associação o concurso de novos associados, diligentes e pertinazes, como José Ferreira Chaves, Rodolfo Correia, João Tavares, José Nicanor Dantas, Leopoldo Franklin, Elpídio Moura, José Ovídio, Antônio Lisboa, Mário Peres e Tertuliano de Barros, mas “O Lidador” de 12 de junho de 1928 pugna pelo soerguimento da Associação “do excessivo desleixo em que se encontra.”

Em 31 de outubro de 1930, comemorando o dia da classe, realizou a Associação sessão solene, na qual discursaram os Drs. Henrique Lins, João Cleophas e Edgar Valois, seguindo-se sarau dançante animado pela “Euterpe vitoriense.”

Em fevereiro de 1931, organizou, em sua sede, à Rua Barão do Rio Branco nº 144, um curso comercial noturno, sob a direção de Dr. Rodolfo Aureliano, então Delegado Regional no município, de efêmera duração.

Na comemoração do seu “dia” em 1936, a Associação promoveu a coroação de sua “Rainha” eleita, a senhorita Netty Cavalcanti Wanderley, em ato festivo que foi abrilhantado pela orquestra do “Bando Azul.”

Tentativa de transformação em Sindicato – A 20 de fevereiro de 1940, havendo a diretoria da Associação, segundo informa “O Vitoriense” de 3 de março, de realizar uma assembléia geral, sob a presidência do Sr. Emanuel da Silva Rego, representante do Ministério do Trabalho, com a finalidade de tentar organizar o “Sindicato dos Empregados do Comércio”, nomeou uma junta Governativa composta dos Srs. João de Barros Lima, como presidente, José Rodrigues de Freitas como secretário, e Manoel Jorge Tavares, como tesoureiro, para encaminhar providências nesse sentido.

Não desapareceu, porém a agremiação, mas, reformando os seus estatutos em 1943, apresenta-se como “Associação Profissional dos Empregados no Comércio do município da Vitória,” passando a ter uma organização moldada nas leis trabalhistas em vigor.

Persistia, em janeiro de 1943, a idéia da fundação do sindicato dos comerciários vitorienses, tanto assim que, a 23 desse mês, divulgava “O Vitoriense” que em reunião promovida no Ginásio, fora organizada sua diretoria provisória composta dos Srs. Tertuliano de Albuquerque Barros, como presidente; Antônio Tavares de Melo, como vice-presidente; José Lamartine de Holanda, como 1º secretário; Antônio Henrique Ferreira, 2º secretário; Wilson Moura, tesoureiro; Severino Donísio das Neves Júnior, como orador; e Albertino Antunes, representante de classe.

Continuaram os estudos preparatórios e, consta de “O Vitoriense” de 27 de março de 1943, que a 21 desse mês, às 20 horas, fora oficialmente instalado o Sindicato em sua sede provisória (o prédio do Ginásio), tendo sido os trabalhos orientados pela comissão vinda do Recife: Dr. Lamartine de Holanda, Srs. Antônio Correia e Alfredo Ramos, este último funcionário de categoria do Ministério do Trabalho.

Nessa reunião, foi constituída a seguinte diretoria provisória; Antônio Tavares de Melo, presidente; José Lamartine de Holanda, secretário; Wilson Moura, tesoureiro, tendo sido eleitos os suplentes e o Conselho Fiscal.

A 25 de novembro desse ano, noticiava “O Vitoriense” que, em sessão realizada na sede provisória, sob a presidência do Dr. Lamartine de Holanda Cavalcanti, presidente da Federação dos Sindicatos de Comerciários d Norte do Brasil (por sinal, um vitoriense de reconhecidos méritos), fora instalado o Sindicato dos Empregados no Comércio da Vitória.

Apesar dessas providências e do redobrado esforço mais de fora para dentro, malogrou a tentativa de organização e manutenção do “Sindicato”, que sucederia à antiga Associação dos Empregados no Comércio, então já extinta, não havendo mais surgido nova iniciativa para soerguê-la.

(história da vitória de santo antão – José Aragão – 3º volume (1843 – 1982) – II / Pág. 351 a 353)

Pois bem, hoje já contamos com várias categorias organizadas, a exemplo dos  trabalhadores rurais, comerciários, bancários, funcionários públicos municipais e etc. Como trabalhadores autônomos podemos citar: Mototaxistas e taxistas. Apesar de nossa cidade estar vivenciando um ciclo de crescimento virtuoso na construção civil, até o momento, não registramos nenhuma ação concreta de relevo na organização sindical desta categoria.

Consigo enxergar claramente que, já  na próxima década, em virtude da chegada de novas fábricas, não só na nossa cidade como também no entorno dela, a exemplo de Glória do Goitá e Escada, a Terra da PITÚ possivelmente estará comemorando o seu PRIMEIRO DE MAIO com eventos organizados pelos braços das grandes centrais sindicais do País.

Para encerra esta matéria, comemorativa ao dia do trabalhador, certamente quem não terá muita coisas pera comemorar no seu dia pelas as bandas de cá, são os que tem, como patrão, os políticos vitorienses, até porque, os contratados pela prefeitura, reclamam da  falta de proventos e os funcionários da TV, amargam, sem ter a quem recorrer, a tenebrosa  má companhia da incerteza, e o que é pior, de bolsos vazios.

Portanto, nós que fazemos o blog do Pilako, desejamos a todos trabalhadores conterrâneos um bom FERIADO.

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