TEMPO VOA DOCUMENTO: FESTA DO LIVRAMENTO – A festa de Nossa Senhora do Livramento é uma das mais queridas tradições do povo vitoriense.

Não temos notícia de sua realização senão a partir de 1912.

Vigário Américo Vasco

Tudo indica que a primeira festa solene foi a da reinauguração da Igreja, a 25 de Agosto de 1912, realizada, segundo as palavras do Relatório do vigário Américo Vasco, já transcrito, com uma festa não acostumada, o que parece indicar que não estava em os hábitos e costumes locais.

A Bandeira foi levantada no dia 18, seguindo-se o setenário, trasladada, em procissão, à tarde, da Matriz de Santo Antão, onde se encontrava desde o desabamento do seu temblo, para a Igreja do Livramento, acompanhada da Bandeira.

Seguiu-se o setenário, com ladainha, pregação e bênção, e os costumeiros festejos populares na praça fronteira à Igreja.

Padre Américo Pita

No domingo 25, dia da festa, foi a igreja reinaugurada oficialmente. Às 10 e 30, o padre Américo Pita, precedido pela Irmandade das Almas e acolitado pelo vigário Américo Vasco e pelo religioso capuchinho Frei Ambrósio, procedeu à benção litúrgica do templo, celebrando, em seguida, Missa solene, com sermão, ao Evangelho, pelo padre Alberto Pequeno. Terminou a cerimônia às 13 horas. À tarde, realizou-se a procissão, e à noite, o encerramento, com muita ordem, entusiasmo e pompa.

Esta foi a primeira festa de N. S. do Livramento.

Desde então, vem ela sendo celebrada, no 2º semestre de cada ano, fixando-se, a sua celebração, há bastante tempo, na segunda quinzena de novembro.

Nos primeiros anos, era costume, algum tempo antes da festa, elegerem-se a o Juiz da Bandeira, o Juiz e a Juiza da festa, e comissões de “Juizes por Eleição”, “Juizes por Devoção”, “Mordomos”, aos quais incumbia dirigir e promover a solenidade.

Cada noite do setenário era confiada a uma classe: Solteiros, Solteiras, Casados, Casadas, Comércio, Artistas, Crianças, e últimamente, aos Motoristas, ao Tiro de Guerra, costume esse que se vem seguindo até os nossos dias. Eram os “noiteiros”.

Tradição que vem de há alguns anos, a rifa de uma novilha, oferecida pela família Trajano, a correr no dia da festa, em benefício da mesma.

Outra tradição, aliás comum, no interior, nas festas religiosas, visando à obtenção de recursos para as despesas, a realização dos chamados “leilões” das prendas, oferecidas pelos devotos.

Entre os festeiros dos primeiros anos cumpre salientar, como mais animados e animadores, mais constantes e diligentes, o farmacêutico Manoel Maria de Holanda Cavalcanti, Antonio Gomes de Farias, José Felipe Santiago, Samuel Fernandes Rosas, José Joviniano de Moura, João Mesquita de Freitas, Honório Alvares dos Paazeres, e mais recentemente, as famílias Trajano, Lemos de Vasconcelos, Severino Francisco Alves, Barnabé dos Santos, Augusto de Siqueira, Cunha Beltrão, entre várias outras.

UM BALUARTE – Deixamos, propositadamente, para o fim, o destaque de uma figura exponencial no que diz respeito à devoção, ao zelo, ao trabalho e à dedicação à Virgem do Livramento.

Referimo-nos a JOSÉ BONIFÁCIO DE HOLANDA CAVALCANTI, vitoriense nato, membro de uma das mais antigas e conceituadas famílias vitorienses, extremado no amor à terra natal e ao bairro do Livramento, onde sempre residiu e pelo qual tudo fez, consagrando a existência, desde os verdes anos, ao serviço da comunidade, seja nas sociedades locais, de todos os gêneros, de que foi estrênuo cooperador; mas principalmente à Igreja do Livramento.

José Bonifácio, sozinho, valia por uma legião.

Muitas vezes arcou ele, quase sem ajuda, com o ônus da realização da tradicional festa de Nossa Senhora do Livramento, promovendo-a, desde os primeiros anos até quando lhe foi possível sair de casa, com o mesmo entusiasmo e animação.

Deu, de si, tudo, o máximo que podia dar, pelas instituições locais e pela Igreja consagrada à Virgem do Livramento, sua protetora e madrinha, a quem dedicou terna e filial afeição.

Festas do Livramento, a maior demonstração pública de fé e de amor a Nossa Senhora em nossa Vitória de Santo Antão, realizadas, quase sem interrupção, há 61 anos, quantas reminiscências e suaves recordações nos evocam elas, todos os anos, sobretudo para os da geração que se vai despedindo do cenário terreno da vida.!…

Tradição tão pura e tão nobre, há de ser mantida pelos vitorienses como preito de filial devoção à Virgem Mãe de Deus, cercando sempre, do maior carinho e atenção, a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, um dos polos de nosso desenvolvimento espiritual, como comunidade, monumento erguido pelos nossos antepassados, fruto do amor e da devoção a Maria Santíssima, vãos de eleição divina e de sublimação humana.

Luciano Teles Sobreira
(REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
VOLUME 5º – 1973 – PÁG 87 A 89)

3 pensou em “TEMPO VOA DOCUMENTO: FESTA DO LIVRAMENTO – A festa de Nossa Senhora do Livramento é uma das mais queridas tradições do povo vitoriense.

  1. É emocionante se começar o dia com um aprendizado tão agradavel com relaçao a nossa amada VITÓRIA e esta homenagem a uma festa que sempre fez parte da nossa infância. Hoje vivemos mais proximo de nosso amado torrão do que quando ai moravamos. TUDO POR AMOR A VITÓRIA.

  2. Dificil seria descrever a satisfação de ter participado hoje desse blog, sou um ex-vitoriense apaixonao por Vitoria , onde vivi minha infancia , pre-adolescencia e parte da adolecencia.
    Como aluno do Ginásio Tres de Agosto, dirigido na época Pelo DR. Mario Bezerra.
    Integrante do Livramento Futebol Clube.
    Massagista da Seleção Vitoriense de Futebol, imaginem como ficou este velho quaze filho da terra com tudo que ví de minha querida VITORIA DE SANTO ANTÃO.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *