Santo e Fogos de Artifício

Eu costumo dizer que, se eu fosse arriado por dinheiro, teria sido fogueteiro. Por quê? Porque, na minha cidade, soltam fogos de artifício até pra dor de cotovelo. No momento, por exemplo, estão acordando a população na base do estrondo porque é Dia do Padroeiro. É que Santo Antão do Egito, o eremita, Pai de Todos os Monges, é o padroeiro de Vitória de Santo Antão, lugar onde nasci por destino obviamente. Essa história vem do português Diogo de Braga, que veio de Santo Antão do Cabo Verde, em 1626, gostou, botou pra morar e construiu uma capelinha em homenagem a Santo Antão da Mata. Vê que história… O que eu nunca entendi é a razão de soltarem fogos para santo. Santo me lembra reclusão, oração, abstinência. Pois, exatamente, na data litúrgica do santo, 17 de janeiro, a macacada solta fogos, dança forró e enche o cangaço de cachaça em homenagem a umsanto que optou por morar no deserto. Ou seja, os fogos – imagino, eu – talvez servissem para relembrar a Vitória dos pernambucanos, quando botaram os holandeses pra correr, no Monte das Tabocas, ou para promover o prefeito de plantão. Também duvido que o pessoal que esteja nas ruas saiba absolutamente nada dessa história: que Vitória se refere à batalha e que o Santo é o doDeserto. Aliás, se Santo Antão era um monge, o que tem a ver com uma troca de tiros no meio de um tabocal?

Pirotécnico abraço!

Sosígenes Bittencourt

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