Vida Passada… – Leocádio Correia – por Célio Meira.

Paranaense, nasceu Leocádio José Correia, em 1848, na formosa cidade de Paranaguá, a princesa do rio Itibiré, “à beira-mar plantada”, sob as graças de Nossa Senhora do Rosário. Conquistou, antes dos 25 anos de idade, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, a carta de doutor. Não quis armar, na Côrte, sua tenda de trabalho. Não quis viver na sociedade carioca daquele Rio de 1865 a 1870, e, tendo bem acêsa, no coração e no espirito, a saudade das águas e dos pinheiros natais, regressou, apressado, à terra onde nasceu.

Moço, inteligente, culto, e cheio de esperanças, encaminhou seus passos, o jovem facultativo, pelas estradas perigosas da clinica geral e, em pouco tempo, conseguiu a simpatia e a confiança do povo.

Reinou, nessa época, em diversos municípios da província do Paraná, conta um historiador, terrível epidemia. Vendo-os  perseguidos pelo destino, Leocádio não fugiu da arena de suas batalhas. E partiu, socorrendo-os corajosamente. Enfrentou essa calamidade, irmã gêmea da guerra, e a venceu. O exercício da medicina foi, na vida breve, a cheia de fé, de Leocádio Correia, um apostolado cristão.

Elegeu-o deputado, o povo do Paraná, enviando-o à Câmara geral. Não perdeu, nunca o parlamentar paranaense, em sucessivas legislaturas, a estima de seus concidadãos. Não traiu o mandato popular, 0btido nas urnas livres. Na tribuna, e no seio das comissões permanentes, defendeu, imperturbavelmente, os interesses vitais de sua província.

Jornalista,  redigiu o “Itiberé”, periódico literário de seu berço nativo. E, homem de letras, publicou as “Novenas do Santíssimo Rosário”, “reproduzidas da edição feita em Lisboa, no ano de 1757,  o “Enforcado” e o “Crime de Bernadino.”

É, também, de sua autoria, a “Bibliografia Paranaense”, que está, no julgamento do ilustrado do “Galeria Nacional, repleta de informes utilíssimos para a história literária do Paraná”.

Leocádio José Correia, morreu muito moço. Finou-se, no dia 18 de março do ano de 1886, aos 38 anos de idade. Não o esqueceram, os paranaenses. Veneram-lhe a memória.

Deixou, esse médico de alma cristã, deputado brilhante, escritor de boa linguagem, um herdeiro brilhante, um herdeiro de cultura literária.

É o filho. Leocádio Cisneiro Correia, prosador do “Guarapuava”, e poeta do “Sonetos Regionais”.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica.

Setembro de 1939 – Célio Meira.

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