
Como muitos de sua geração, Ruy viu os sonhos de sua juventude serem aniquilados pela violência e pela dor de uma ditadura.
Natural do Maranhão e o quinto de sete filhos de uma família pobre, sonhava formar-se em engenharia.
Com muita dificuldade, sua mãe conseguiu enviá-lo ao Recife, iniciando o seu curso na UFPE em 1961.
Tão logo chegou a Pernambuco, começou a participar da JUC (Juventude Universitária Católica), ingressando, posteriormente, na Ação Popular, organização de resistência à ditadura.
Em 1965, o regime militar determinou a mudança da Faculdade de Engenharia para o bairro do Engenho do Meio, local, até então, sem restaurante, biblioteca e mal servido por transportes.
Nesta época, já eleito representante estudantil, Ruy foi um dos líderes da resistência à mudança.
Mal sabia ele que este fato o acompanharia para sempre, porque a ditadura não o perderia mais de vista.
Ao se dirigir a um ponto de ônibus, após sair da faculdade, Ruy foi preso, sendo mantido incomunicável e submetido ao horror da tortura.
No ano de 1966, foi condenado a dois anos de reclusão, precisando entrar, de vez, na clandestinidade, quando fora expedido o seu mandado de prisão.
Para manter a família, passou a vender artigos de artesanato em feiras livres com a esposa Felícia.
Na manhã do dia 27 de Maio de 1974, Ruy foi preso, em plena feira de Petrolina/PE, por três policiais armados, que o espancaram, ameaçaram de morte e, contra a reação dos companheiros da feira que tentaram defendê-lo, foi jogado no porta-malas de uma caminhonete.
Suas últimas palavras foram: “avisa Licinha!”, sua esposa.
Ruy nunca mais foi visto.
Seu corpo jamais foi encontrado.
Sua família sequer pôde enterrá-lo.
Quando da prisão de um outro preso político, Alanir Cardoso, também em 1974, os torturadores apresentaram-lhe uma foto de Ruy.
Em tom de deboche, afirmaram:
“O comprido já virou presunto”.
Ruy Frasão dá o seu nome ao CIEP de Engenho do Mato, em Niterói/RJ.
Agradeço ao seguidor @wandeiltonflima por nos ter trazido a sugestão do tema.
À memória de Ruy Frasão, eu dedico este retalho de hoje.
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