“Plano Cohen” – por @historia_em_retalhos.

Em 30 de setembro de 1937, há exatos 88 anos, era anunciado em cadeia nacional um plano comunista para tomar o poder e instaurar uma ditadura no país.

Era o famigerado “Plano Cohen”.

Em verdade, tudo não passou de um documento forjado por militares com o objetivo de abrir o caminho para o golpe do Estado Novo, que aconteceria em 10 de novembro daquele ano.

O tal documento dizia que os comunistas iriam causar tumultos entre operários e estudantes, incendiariam casas e prédios públicos, saqueariam e depredariam o patrimônio e, ainda, eliminariam autoridades civis e militares.

Olímpio Mourão Filho, capitão do Exército, sim, ele mesmo, que também fora pivô do golpe de 1964, foi o autor do Plano Cohen.

Mourão era integrante da Ação Integralista Brasileira, movimento de inspiração fascista liderado por Plínio Salgado e, anos mais tarde, reconheceria que o plano jamais existiu.

Na verdade, a fake news caiu como uma luva nas mãos de setores das Forças Armadas que enxergaram nela o álibi perfeito para sustentar as ambições autoritárias de Vargas.

O nome “Cohen” faz referência a Béla Kun (ou Cohen), revolucionário húngaro que liderou movimentos comunistas na Europa.

A escolha, como se percebe, não foi inocente: buscava evocar justamente o temor do comunismo internacional.

No dia seguinte, 1.° de outubro, aproveitando o clima de medo da população, Vargas pediu ao Congresso Nacional a decretação do Estado de Guerra, o que abriu caminho para uma ampla perseguição a opositores, sob a justificativa da “ameaça vermelha”.

Em 10 de novembro, o Estado Novo foi instaurado.

Poucas semanas depois, o Exército fecharia o Congresso e uma nova Constituição, de inspiração fascista, seria imposta ao país.

Nascia aí uma ditadura que duraria até 1945.

O episódio é, até hoje, lembrado como um dos maiores casos de manipulação política da história do Brasil.

Como legado, o Plano Cohen reverberou em fenômenos posteriores, como a institucionalização do “anticomunismo” como parte da identidade militar brasileira e a sedimentação da ideia de que uma ditadura temporária poderia servir como um instrumento de progresso.
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