Vida Passada… – Tomaz de Aquino – por Célio Meira.

Nasceu, Tomaz de Aquino Almeida Maciel, a 7 de março de 1863, na terra pernambucana do Brejo da Madre de Deus. Ouviu, no berço nativo, conta Zeferino Galvão, as lições de latim do cônego Marinho Falcão, e aprendeu a língua francesa com o dr Pereira de Lira. Muito cedo, se enamorou da literatura e da música. Foi o maestro Zeferino Leal quem lhe ensinou a solfeja, e a tocar violino.

Alistou-se, quando era moço, na propaganda da República, pertencendo ao rol dos discípulos amados de Benjamim Cosntant. Homem de ideias próprias,  sustentava-as, corajosamente. Não pelejou, na avassaladora campanha de 89, fascinado pelos interesses políticos. Bateu-se, romanticamente, por idealismo. Via, na república, e na estacada, firme, antes e depois da arrancada histórica de 15 de novembro.

Fixou-se, no torrão pesqueirense, no ano de 1902, exercendo as funções de tabelião, e em 1906, sentou-se na cadeira de redator da Gazeta de Pesqueira, a luminosa oficina de Zeferino Galvão, o filósofo pernambucano, que realizou, naquela terra sertaneja, uma obra verdadeiramente genial, na literatura e na história.

Publicou, Tomaz de Aquino, em 1910, o Nevrose Artística, livro de crônicas, aplaudido pela crítica. Ocupou, também, o cargo de escrivão da coletoria federal, da mesma cidade, e em todos esses postos, foi, o velho Tomaz inteligente, operoso e honesto.

A simplicidade era um dos traços mais acentuados, na vida, bem longa, desse homem trabalhador, e pobre. Vimo-lo, muita vezes, na fortaleza de seus combates e de passagem pela terra onde nascemos, quando iniciávamos  a peregrinação, pelos jornais do interior do Estado, e sempre tivemos, de seu espirito e de seu coração generoso, palavras de estimulo e de afeição. Guardamos saudade de sua atenção, na corajosa imprensa dos matutos. Amável, sem exageros, e sem perfídias, foi, Tomaz de Aquino, na batalha acesa da vida, guerreiro intimorato e sorridente.

Morreu depois dos 70 anos de idade. Desceu, à terra da sepultura, grande mestre pernambucano. Violinista admirável, poeta e jornalista, pertenceu, Tomaz de Aquino, ao número dos humildes e dos eleitos das letras e das artes.

Pesqueira e Brejo da Madre de Deus devem amar e venerar a memória desse homem gentilíssimo, que encontrou, na música e na pena, a divina alegria de viver.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

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