Vida Passada… – Silva Ramos – por Célio Meira.

Trinta e seis anos depois da proclamação da famosa República de 1817, nasceu José Júlio da Silva Ramos, a 6 de março de 1853, na cidade do recife. Filho de família abastada, foi estudar em Portugal, onde publicou, em 1871, o Adejos, aos 18 anos de idade. Ingressou, em 1872, sobraçando esse primoroso livrinho de versos, na Universidade de Coimbra, conquistado, em 77, a láurea de bacharel. Durante dez ou doze anos, sob o agitadíssimo reinado de D. Luiz I, monarca de cultura invulgar, de proverbial moderação, e injuriado, criminosamente, pelo povo, frequentou, Silva Ramos, as altas rodas da terra lusa, assistindo, numa noite inolvidável, e é ele que nos conta no Pela Vida a Fora, à literatura do Inês de Castro, drama em versos, de Júlio de Castilhos, em serão memorável, no palacete do velho Castilho, o Cégo, ao lado dos embaixadores e dos príncipes da prosa e da poesia.

Saudoso da pátria, e vitorioso, já, no mundo das letras, regressou, em 1882, à Corte, onde iniciou no magistério e na imprensa. Pertenceu ao grupo dos espíritos rutilantes que fizeram A Semana, de Valentim Magalhães, usando o pseudônimo de Júlio Valmor em crônicas excelentes, colaborando mais tarde, na Revista Brasileira, e na Revista da Casa de Machado de Assis.

Dirigiu, informa um biógrafo, na cidade de Petrópolis, o Ginásio Fluminense, regendo, decorrido alguns anos, a cadeira de português do Colégio Pedro II. Culto, versado nas questões filológicas, conquistou, Silva Ramos, a admiração dos companheiros, e a adoração dos discípulos.

Poeta, e admirável sonetista, jornalista, pertenceu, esse recifense ilustrado, à Academia Brasileira de Letras, fundando a cadeira nº 37, patrocinada pelo espirito de Tomaz Gonzaga, o eterno e cintilante Dirceu da infeliz Marília.

Senta-se, hoje, na poltrona azul do pernambucano Silva Ramos, honrando-a, o eminente Alcântara Machado, escritor paulista.

E, em 1930, morreu, no Rio de Janeiro, o apreciado escritor do Crônicas e Ensaios, aos 77 anos de idade. Finou-se um homem simples. Um homem de sensibilidade delicada. Um homem de coração.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

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