
Aos 21 de anos de idade, o pernambucano Francisco Antônio Raposo matriculou-se, ao tempo da Regência, na Escola Militar. Vestiu, moço, a farda de soldado e a conservou por toda vida, honrando-a, nos cargos de confiança do governo.
Amando a carreira perigosa das armas, estudioso, possuindo, em elevado grau, o sentido da disciplina, galgou todos os postos, na hierarquia da caserna. Em 1839, era 2º tenente, e sete anos decorridos, mereceu a promoção ao posto imediato. Doze anos mais tarde, tinha, na túnica, os galões de capitão. E, antes dos 40, atingiu o posto de major.
Prestigiado no sei das classes armadas, querido entre os camaradas, obteve, Antônio Raposo o coronelato, em 1864. Engenheiro civil e militar, dedicou-se, também, ao magistério. E na mesma escola onde foi discípulo, subiu à cátedra, conta um biógrafo, ensinando física e matemática. Homem austero, de elevada moral, governou, aos 53 anos de idade, a província de Mato Grosso. E na terra mato-grossense, narra um historiador, exerceu, mais tarde, o comando geral das armas.
Conferiu-lhe o governo, em 72, os brilhantes galões de brigadeiro. Serviu no Arquivo Militar, e esteve na Europa à frente de comissões importantes. Regressando à pátria, coube-lhe a honraria de dirigir, na Côrte, o Arsenal de Guerra.
Jubilado, na Escola Militar, não se refugiou na vida inativa. Aceitou, a esse tempo, a direção da Escola Politécnica. Governou, o velho soldado pernambucano, de boa estirpe, essa famosa escola, cheia de tradições, sem perder os aplausos e a confiança do poder público.
Não se enamorou, nunca, da política, o velho militar. Viveu, sempre, para o exército. Mereceu, do monarca brasileiro, pelos serviços relevantes prestados à nação e à pátria, a honra de um baronato. Foi agraciado com o título de barão de Caruauru.
Morreu no dia 23 de março do ano de 1880, aos 63 anos de idade. Morreu tranquilo, na certeza absoluta de que bem servira ao governo e à terra natal.
Na história militar do Brasil, o nome do Brigadeiro Francisco Antônio Raposo lembrará , atreves dos tempos, aos jovens militares, a honestidade e a disciplina.
Honrou o país e o estrangeiro, o nome de Pernambuco.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica.
Setembro de 1939 – Célio Meira.
