Vida Passada… – Costa Pinto – por Célio Meira.

Na tristonha cidade do Paracatú, perto das montanhas, no oeste de Minas Gerais, nasceu, em 1802, Antônio da Costa Pinto. Formou seu espirito na terra portuguesa, e aos 25 anos de idade, regressou ao Brasil, trazendo carta de bacharel, conquistada em Coimbra. Diplomado, apresentou-se a D. Pedro I, mas não alcançou as graças do poder. Numa audiência, não se ajoelhou e não beijou as mãos do Imperador. Era rebelde. E por esse motivo, “recusando cumprir as cerimônias da etiqueta do Paço, escreve o erudito historiador padre Rafael Galanti, o governo o deixou no esquecimento, durante quatro anos”.

Quando veio o governo da Regência, em 1831, ingressou, Costa Pinto, na magistratura de Minas. Sentou-se, mais tarde, aos 34 anos de idade, na cadeira de presidente de sua província, e sete anos depois, em 1844, exerceu na terra mineira, o cargo de chefe de polícia. Voltando à judicatura, obteve, em 1846, o alto posto de desembargador na Relação de Pernambuco. Político de ideias elevadas, sem o exagero da disciplina partidária, representou o povo de Minas, em sucessivas legislaturas, na Câmara geral. E figurava, ainda, na bancada parlamentar, em 1848, quando o governo lhe entregou, numa hora de terrível agitação política, a administração de Pernambuco.

Governou, o desembargador Costa Porto, essa província do norte, de 14 de julho a 17 de outubro de 1848. Gravíssimas eram, a esse tempo, as lutas partidárias. Não se envolveu, porém, esse governo liberal, nas linhas dos combatentes, e se conservou alheio às ambições e aos ódios pessoais, dirigindo, com serenidade, e justiça, o barco do governo. Deixado a província pernambucana, esse ilustrado mineiro regressou à Corte.

Serviu, ainda, ao governo bragantino, aceitando, em 1860, a presidência da província da Baia e, dez anos decorridos, mereceu a honra de sentar-se numa poltrona do Supremo Tribunal de Justiça. Chegou, desse modo, ao fim de sua carreira pública, brilhante e honrada.

Faleceu, no Rio de Janeiro, no dia 20 de março de 1880, aos 78 anos de idade. O ministro Antônio da Costa Pinto, no alto julgamento de Olegário de Aquino e Castro, antigo orador do Instituto Histórico Brasileiro, foi a “imagem viva da justiça, em todo o esplendor de sua serena majestade”.

 

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica.

Setembro de 1939 – Célio Meira.

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