Vida Passada… – Meira de Vasconcelos – por Célio Meira.

Em 1832, no Pilar, berço nativo do padre Albuquerque Melo, patriota da República de 1817, e de Diôgo Velho, visconde de Cavalcanti, que, 1870, governou Pernambuco, nasceu João Florentino Meira de Vasconcelos. Fez o curso de direito, na Faculdade do Recife, recebendo, em 1857, a láurea de bacharel. Diplomado, seguiu a magistratura, aceitando a promotoria de justiça de sua terra natal. Deu-lhe, mais tarde, o povo paraibano, em 1864, na Assembleia, uma cadeira de deputado. Exerceu em juizado de direito, no Ceará, e, nessa Província, escreve o eminente historiador Liberato Bittencourt, dirigiu o poderoso partido liberal.

Aposentado, iniciou-se na advocacia, militando, sempre, na política. Conseguiu eleger-se deputado geral, nas urnas paraibanas,  e aos 52 anos de idade, mereceu a honra de sentar-se na poltrona de senador do Império.

Ocupou, várias vezes, Meira de Vasconcelos, as colunas políticas dos jornais, defendendo, sem fraquezas, a bandeira do seu partido. Era espirito culto, e combativo. Na terra onde nasceu, e nos distritos eleitorais de sua Paraíba, foi, sempre, pelo caráter, e pela intrepidez das atitudes, figura de real prestigio. Era orador de linguagem elevada, e eloquente.

Governou, informam os biógrafos, a província de Minas Gerais, conquistando aplausos do povo das montanhas. E à hora, em que o estadista João Lustosa da Cunha, 2º marquês de Paranaguá organizou o ministério liberal de 3 de julho de 1882, aceitou, o paraibano de Meira de Vasconcelos, a pasta da marinha. Três anos mais tarde, a 6 de maio de 1885, voltou, Meira Vasconcelos, ao ministério. Coube-lhe dessa vez, a pasta do Império, no famoso gabinete chefiado por Saraiva.

Quando deixou a vida vertiginosa da política, nesse último posto, recolheu-se à vida tranquila do lar. E veio a República. Não aderiu ao regime democrático de 1889. Contava, Meira de Vasconcelos, 65 anos de idade. Servira à Pátria e ao Imperador. Não quis, porém, servir à revolução triunfante. Preferiu, aos novos combates, a tranquilidade, na derradeira etapa da sua passagem pela terra. Conservou, entretanto, até o último doa de vida, o amor à terra brasileira. E aos 69 anos de idade, no dia 10 de março 1892, no Rio de Janeiro, fechou os olhos, serenamente, iniciando a jornada do além-túmulo.

João Florentino de Meira de Vasconcelos pertence à galeria dos beneméritos da Pátria.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

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