13 de setembro de 1987 – por @historia_em_retalhos.

13 de setembro de 1987.

Em uma clínica em ruínas do centro de Goiânia/GO, um aparelho utilizado em radioterapias foi descartado irregularmente, guardando dentro de si uma cápsula do perigoso césio-137.

Dois catadores, Roberto e Wagner, encontraram o equipamento e entenderam que se tratava de algo com algum valor comercial.

Após o desmonte, venderam o objeto para o ferro-velho de Devair Ferreira.

Começava aí o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo fora das usinas nucleares.

Foi no ferro-velho de Devair que a cápsula foi aberta, acometendo com os sintomas de náuseas, torturas, vômitos e diarreias todos aqueles que tinham algum tipo de contato com o material.

Isto porque Devair ficou encantado com o pó que emitia um brilho azul no escuro, mostrando com entusiasmo a descoberta para familiares e amigos.

O irmão de Devair achou pouco e levou o pó para a sua filha de 6 anos, que ingeriu as partículas do césio junto com um ovo cozido, morrendo dias depois.

Até o ano de 2012, cerca de 104 pessoas morreram nos anos seguintes em decorrência da contaminação com o césio-37 e cerca de 1.600 foram afetadas diretamente.

Mesmo já acometida pelos sintomas, a esposa de Devair, Maria Gabriela, foi a primeira a perceber que tudo aquilo que estava acontecendo tinha alguma relação com aquele “aparelho estranho”.

Decidiu, então, levar o césio às autoridades de saúde, impedindo que a contaminação espalhasse-se ainda mais e salvando um número incalculável de vidas.

A parte trágica é que a sua ação não poupou a sua própria vida.

Ao transportar o material, Gabriela foi muito exposta à radiação, vindo a morrer de hemorragia interna.

Muitos consideram que, se não fosse o seu ato heróico, o caso de Goiânia poderia tomar proporções inimagináveis, tornando-se o Chernobyl brasileiro.

Por fim, duas constatações tristes:

– o governo da época tentou minimizar o acidente, escondendo dados da população, porque Goiânia sediava um evento de automobilismo e o governador temia que o pânico chegasse aos estrangeiros.

– até hoje, 38 anos depois, a família ainda luta por um reconhecimento de Maria Gabriela como heroína de Goiânia.
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