
Este é o estudante universitário Alexandre Vannucchi.
Alexandre era estudante de geologia da USP e, como muitos de sua geração, queria a volta da democracia, com liberdade para as entidades estudantis, durante o ciclo da ditadura militar brasileira.
Foi o 1.° colocado no seu vestibular.
Conhecido pelos amigos como “Minhoca”, estava tentando reorganizar o Diretório Central dos Estudantes da USP.
Em 16 de março de 1973, porém, tudo mudou.
Minhoca foi sequestrado na rua e levado para o DOI-Codi, o mais temido centro de tortura da ditadura, que Brilhante Ustra dera o nome de “sucursal do inferno”.
Tinha apenas 22 anos.
Torturado exaustivamente nos dias 16 e 17, não resistiu.
Provavelmente, morreu em razão de uma hemorragia interna na região onde havia realizado, menos de dois meses antes, uma cirurgia de apendicite.
Mas o Estado brasileiro não revelou a verdade.
Foram divulgadas duas versões para a sua morte: a primeira, que ele teria sido atropelado por um caminhão, e a segunda, que teria cometido suicídio.
Ambas versões plantadas.
Horas antes de morrer, foi trazido aos tropeços de sua cela, quando disse em voz alta o seguinte:
“Meu nome é Alexandre Vannucchi Leme.”
“Sou estudante de geologia.”
“Me acusam de ser da ALN.”
“Eu só disse o meu nome.”
Minhoca teve o seu corpo coberto com cal (para camuflar as torturas) e foi enterrado como indigente na vala clandestina de Perus.
Procurado pelos estudantes, Dom Paulo Evaristo Arns celebrou uma missa na Catedral Metropolitana, na qual compareceram mais de 3 mil pessoas.
Esta celebração tornou-se o primeiro grande ato de resistência, sendo um prenúncio da grande manifestação ecumênica que aconteceria dois anos mais tarde no ato em homenagem a Vladimir Herzog.
Também foi muito importante porque impulsionou o ressurgimento do movimento estudantil brasileiro.
Em 1976, o DCE-Livre da USP era recriado, sendo batizado com o nome de Alexandre Vannucchi Leme.
Era a ditadura começando a perder fôlego para os ares da democracia.
Alexandre Vannucchi, presente.
A quem interessar, indico o livro “Alexandre Vannucchi Leme: eu só disse o meu nome”, de Camilo Vannuchi.
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