Vida Passada… – Ciridião Durval – por Célio Meira.

Nasceu, Ciridião Durval, a 3 de março de 1860, na risonha Tatuamunha, povoação alagoana. Dois municípios escreveram, com orgulho na lista de seus filhos ilustres, o nome de Ciridião, figura preeminente, na família dos pensadores brasileiros. Os homens de Porto Calvo, porque Tatuamunha está encravada nas terras de Porto de Pedras, apontam, à geração de hoje, o sr. Fernandes Lima, pela simples e poderosa razão de pertencer aquela povoação, em 1860, ao municípios de Camaragibe, incluem o Ciridião entre aquelas figuras admiráveis, que honraram, e honram ainda, a terra onde se verificou o “passo” histórico, na rebeldia nativista.

Porto-calvense ou camaragibano, o certo é que Ciridião Durval foi, na sua vida vertiginosa e fulgurante, em Pernambuco, nas Alagoas e na Baia, um desses raros homens de inteligência e de sensibilidade, que tiveram , no julgamento de Fernandes Lima, “rutilações de gênio”.

Acadêmico de direito, na Faculdade do Recife, redigiu, Ciridião, na companhia brilhante de Figueiredo Junior, de Aníbal Falcão, de Francisco Cismontano  e de Gil Amorosa, a “Revista de Pernambuco”, colaborando no “Repórter”, ao lado de Neiva Figueirêdo, no “Jornal do Recife”, no “Diário de Pernambuco” e na “Província”. E na turma de Borges de Medeiros, que seria, mais tarde, um dos eminentes políticos brasileiros, de Carlos Porto Carreiro, poeta e professor, de Raul Pompéia, o maravilhoso escritor de “ O Ateneu”, de Candido Mendes de Almeida, Euclides Malta, Higino Cunha e de Faelante da Camara, recebeu Ciridião Durval, em 1885, aos 25 anos de idade, a carta de bacharel.

Iniciou a sua vida pública, na promotoria de justiça da comarca de Ilhéus, na província da Baia, onde enfrentou, airosaente, na tribuna do júri, conta o biógrafo do “Galeria Nacional”, o conselheiro Carneiro da Rocha, Afonso Celso Junior e Isaias de Melo, advogados de nota, por ocasião do célebre processo de Gentil Castro e seus irmãos. Deu provas provadas, Ciridião, nessa refrega memorável, de cultura jurídica e de grande eloquência. Era, na verdade, orador famoso.

Exerceu, depois, o juizado municipal, numa comarca sertaneja, na mesma província, sendo removido, no mesmo cargo, para a cidade de Salvador. Na capital baiana, subiu à cadeira de mestre de direito, alcançando vitórias.

Morreu Ciridião Durval, poeta lírico e jornalista, aos trinta e cinco anos de idade.

Pernambuco, Alagoas e Baia choraram sobre seu túmulo.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *