
Este é Hosana de Siqueira e Silva, um sacerdote católico que entrou para a história em razão de um crime terrível.
Hosana entrou no Seminário de Olinda no ano de 1926.
Apresentando comportamentos bipolares, foi afastado do seminário, por ausência de vocação para a vida religiosa.
Transferiu-se, então, para São Leopoldo/RS, onde conseguiu ordenar-se em 1936.
De volta a Pernambuco, foi para a diocese de Pesqueira, onde, em constantes divergências com políticos locais, foi preso por ordem do interventor estadual Agamenon Magalhães.
Hosana era um padre estranho.
Envolvia-se em brigas com frequência e, pasmem, andava armado, com um revólver na cintura.
Em 1944, assumiu a paróquia de Quipapá e, ali, naquela freguesia, protagonizaria um crime até então inédito na América Latina.
Ocorreu o seguinte: o bispo de Garanhuns, Dom Francisco Expedito Lopes, interpelou-o por várias atitudes não condizentes com a sua função sacerdotal.
Ele era acusado de cobrar preços exorbitantes para ministrar sacramentos, além de não cuidar devidamente da paróquia.
Porém, a acusação mais grave apontava para um envolvimento amoroso com a prima, Maria José Martins, que trabalhava na casa paroquial.
O bispo, então, ordenou que o padre não a mantivesse na mesma residência.
Hosana fez pouco caso da determinação, sendo suspenso de sua ordem sacerdotal pelo bispo.
Mesmo suspenso, com a sua desobediência contumaz, continuou atuando como padre, informando a sua decisão a outros sacerdotes locais.
Pois bem.
No dia 2 de julho de 1957, há 68 anos, Hosana foi até o Palácio Epsicopal de Garanhuns e, ainda na porta, desferiu três tiros de revólver no bispo Dom Francisco, matando-o no local.
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Este crime teve repercussão internacional.
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Submetido a três julgamentos, o padre não apresentava nenhum tipo de remorso, mostrando-se arrogante, soberbo e sorrindo constantemente.
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Dizia-se injustiçado, em uma “via crucis”, mas que tal tormento o levaria ao “caminho da glória”.
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Ao final, foi condenado a 19 anos de prisão.
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Cumprida parcialmente a pena, retornou para a sua cidade natal, Correntes/PE, onde construiu uma capela e continuou rezando missas, mesmo excomungado.
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Ali, foi morto, vítima de vários golpes na cabeça, em 7 de novembro de 1997.
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A sua morte jamais foi elucidada.
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Este é considerado o primeiro caso na América Latina de um assassinato de um bispo por um padre (alguns dizem de toda a história da Igreja Católica).
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Três observações importantes:
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– Dois psiquiatras, Gaudino Loreto e Rui do Rêgo Barros, examinaram Hosana minunciosamente e concluíram que o religioso tinha “uma personalidade doentia”, impossibilitado de controlar seus impulsos, um verdadeiro psicopata.
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– Maria José Martins, a pessoa com quem Hosana convivia, confirmou duas gestações resultantes de relações sexuais com o padre, tendo praticado o aborto uma vez, por ordem dele, e fugido na segunda, dando à luz uma criança.
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– Anos depois, foi aberto no Vaticano o processo de canonização de Dom Francisco Expedito Lopes, sob a égide do martírio.
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