A POESIA QUE FLUÍA – por Sosígenes Bittencourt.


Lembro-me de quando viajava para Recife, manhã cedinho,
e retornava à noitinha.
O cheirinho de mato, o vento assanhando meu cabelo, o rosto pálido, olhando para as serras, bois pastorando a estrada.
As árvores pareciam mulheres recurvadas, acenando para a manada humana.
Eu tinha cabelo naquela época, o sangue desintoxicado, sentia frio. Com a cabeça na janela, dedos enclavinhados sob o queixo, ninguém sabia que eu sentia poesia.

Sosígenes Bittencourt

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *