E o coração

Eu me lembro dos anos… fico me lembrando…
e o coração tum tum tum tum…
A gente era criança… descobriu o sexo…
foi uma alegria tão grande que a gente ficou desconfiado,
e o coração tum tum tum tum……
2001 2002 2003 2004 2005
Todo ano faz um ano que fazia um ano…
Quando a gente vê, é de noite… Quando a gente vê, é de dia…
Aí, chove; aí, faz sol…
e o coração tum tum tum tum…
A gente fica doido que chegue o fim do ano…
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Chega o Carnaval, passa…
Chega o aniversário, passa…
e o coração tum tum tum tum…
Morre gente, a gente fica olhando assim…
O morto calado, frio, duro, parece que nunca viveu…
A gente fica olhando, olhando…
Os dias vão passando um atrás do outro…
O tempo vai empurrando a gente,
consumindo a gente, escaveirando os mortos,
e o coração tum tum tum tum…
Microscopicamente, milimetricamente, quase invisíveis,
mudos, no escuro, uma careta de gozo,
espermatozóides, flagelos bólides, semoventes,
praticam atletismo pela Trompa de Falópio…
e o coração tum tum tum tum…
Eu nem sei que horas são,
se é de tarde, agora, se é de noite…
que horas são?
E o coração tum tum tum tum…

Sosígenes Bittencourt

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