Conversando sobre: Game-fake Baleia Azul, Doença de Depressão e Suicídio

Parece repetitivo, e pode ser, mas por ser alarmantemente preocupante voltamos a conversar este mês sobre a doença de depressão. Acompanhamos alguns casos pela internet e televisão de jovens que cometeram suicídio, e insistentemente após final da leitura ou matéria exibida, o mote, a razão que levou a ação suicida está relacionada à doença de depressão.

Procurando trazer um texto extremamente esclarecedor penso em contribuir nos próximos parágrafos levantando mais um alerta com relação à doença de depressão e ilustrar este texto com duas figuras que nos últimos dias remetem ao nosso tema, a imagem de uma baleia, onde fazemos referência ao game-fake suicida Baleia Azul e a figura de uma fita K7 grafada o título da série da Netflix que também aborda o tema suicídio, estes dois produtos movimentam as redes sociais, no sentido de causar curiosidade ao tema, assim como nos colocar de frente a tristes situações de jovens vítimas do suicídio.

Quando falo em suicídio minha preocupação maior é na prevenção, e quando penso em prevenção do suicídio entre adolescentes penso nos pais e responsáveis destes jovens, uma vez que a formação do desenvolvimento da personalidade é bastante inserida em um contexto biopsicossocial imenso, na adolescência ainda se necessita desta integração com disposições diversas para uma formação madura, entre elas seus pais e/ou responsáveis.

Pode parecer forte, mas as situações permissivas dos pais durante a infância e adolescência abre uma brecha para os filhos “fugirem” da realidade e buscarem o que consideram ser um apoio situações como o álcool, as drogas e agora o game-fake, falo game-fake por não considerar o polêmico jogo da Baleia Azul como um game real, a Baleia Azul surgiu como mais um boato nas redes sociais que rapidamente se transforma numa histeria coletiva, ou seja, todos passam a acreditar em algo que de fato, não existe, o que existe, neste caso, são adolescentes em conflitos consigo mesmo, adolescentes em sofrimento psicológico, adolescentes gritando por ajuda, adolescentes riscando seus braços para expressar a dor emocional que lhe perturba.

Na série da Netflix, “13 razões porquê”, aborda o suicídio entre adolescentes e explicitamente a permissividade dos pais. São retratadas em diversas cenas a protagonista passando como invisível aos olhos dos outros, quando não; sofre bullying na escola, mas, a escola está ocupada com outros interesses. Em casa estes adolescentes ficam horas dentro do quarto, os pais não sabem o que seus filhos fazem, e quando toma conhecimento a frase está pronta: “Tire isto da cabeça”, “Esqueça estas bobagens”, “Estas coisas passam”, “Você não tem motivos para está triste”. Não sabem os pais que a cada frase, afundam ainda mais seus filhos para situações piores. A esta altura os jovens que sofrem não consegue se perceber numa fala como esta.

Ainda falando da série, quem assistir com um olhar de pai/mãe/cuidador, vai perceber como a adolescente oferece sinais de que está sofrendo e pedindo ajuda, mas como os pais estão bastante ocupados com o trabalho, não conseguem perceber que algo não vai bem com a filha deles e que a doença da depressão começa a ganhar espaço na percepção da adolescente.

Por fim, fica o registro de que a doença de depressão não é coisa de pessoa fraca ou como dizem, frescura. Depressão é doença e precisa ter atenção, se não tratada, pode levar ao suicídio. Alguns sinais como, por exemplo, preguiça constante podem ser apatia, cansaço e desprazer em algo que gostava são sinais da doença. Irritabilidade, explosivo e isolado, geralmente no quarto são sintomas depressivos. Alteração no sono e no apetite como comer e dormir menos, precisa ser observado com mais cuidado. Uso de drogas, álcool e agora o game-fake Baleia Azul são sinais gritantes de que alguma coisa está errada, pensamentos suicidas podem esta se fazendo presente neste adolescente.

Cleiton Nascimento
Psicólogo Clínico
CRP02 14558
Especialista em Saúde Mental.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *