OS DESACORDOS DE UM ACORDO – por Ronaldo Sotero

A partir de janeiro de 2016 começarão a vigorar as novas regras ortográficas que mudam cerca de 0,5% das palavras em português. O governo federal decidiu adiar para essa data a obrigatoriedade do texto para sincronizar com as mudanças com Portugal, conforme decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff e publicado em 28 no Diário Oficial da União.

Previsto desde 1990 para padronizar textos nos países lusófonos, a Acordo Ortográfico foi modificado nos anos 2000. O primeiro acordo entre Brasil e Portugal data de 1931. Em 1945 foi assinado um novo. Finalmente, em 2009 o Brasil assinou o último, com prazo até 2015 para o país europeu realizar a transição completa.

Em visita a Portugal, em julho de 2015, o ministro Juca Ferreira, da Cultura, disse que “talvez tenhamos errado no acordo ortográfico”. Era a primeira vez que no primeiro escalão do governo admitia-se publicamente o desacordo. Na prática, desde 2010, as novas regras já estão em circulação. Jornais e editoras se anteciparam na hora de tirar o acento agudo de “ideia”, o trema de “lingüiça” e abolir o hífen de algumas palavras compostas.

Dos oito países que integram a comunidade lusófona, composta de Angola, Moçambique, Brasil, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Principe, Guiné-Bissau, Timos-Leste, ainda não existe um concenso sobre a uniformização dessas mudanças.

Infelizmente o Brasil não conseguiu melhorar o tratamento de seu idioma, em decorrência da ausência de uma política educacional efetiva, como se configura nos 500 mil zeros na redação no Exame Nacional de Ensino Médio de 2014.

Agradeço aos amigos o prestígio da leitura, desejando votos de um Feliz Natal e um 2016 de realizações permanentes.

Ronaldo Sotero

Artigo para o Jaboatão Jornal – Dezembro 2015.

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