A invasão das motos em Vitória de Santo Antão

Quem anda pelas ruas da cidade de Vitória observa um quantitativo muito grande de motocicletas. Como também é comum ouvir falar sobre os acidentes envolvendo motoqueiros/motociclistas, do excesso de velocidade. Esses dias, depois de escutar um relato de acidente, seguido de morte, que aconteceu no bairro de Lídia Queiroz, passei a observar melhor esse fenômeno em Vitória.

São muitas motocicletas, pilotadas, majoritariamente, por homens jovens. Deixaram de ser um objeto apenas de prazer e de acessibilidade restrita pelos preços altos, como era quando surgiram no Brasil na década de 60, para ser um meio de transporte bastante utilizado, principalmente pela sua praticidade. Em 2011 o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontou que a moto era usada por 5,5% da população que vivia nas capitais e por 15% nas demais cidades. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em 2012 que as motocicletas estavam presentes em 20% das casas, com 12,6 milhões de unidades. Os dados indicam que não é um fenômeno presente em Vitória, mas em todo Brasil.

Percebo que no caso de nossa cidade, também é um meio de conseguir recursos materiais para sobreviver, ou seja, é usada para o transporte de passageiros. Até aqui não tem nenhum problema a equacionar. Mas o que me inquietou é que tenho observado diversas irregularidades no uso da motocicleta. Em Vitória é comum ver crianças sendo carregadas entre o piloto e a mãe; motoqueiros carregando três pessoas, fazendo ultrapassagens perigosas… É válido salientar que existem pessoas que pilotam de forma responsável, mas um quantitativo significativo comete irregularidades e irregularidades põem em risco a vida das pessoas. E para além da banalização da vida, ela continua sendo o maior bem que temos.

Então, eu gostaria que pensássemos rapidamente na vida como um bem de valor imensurável. A vida como um presente do Criador para ser vivida com alegria, saúde, amor, fé, respeito, responsabilidade, dentre outras coisas. Sabe, às vezes parece que as pessoas não entenderam que o que é valioso precisa ser bem cuidado. Colocar sua vida em risco e a de outras pessoas é uma denúncia não vocalizada desse não entendimento.

Outra coisa que devemos pensar é que existem normas e estas estão sendo desobedecidas por absoluta falta de fiscalização.  Inicialmente as normas existem não para punir as pessoas, mas para orientar a convivência social, ou seja, elas são necessárias socialmente. É evidente que precisamos estar atentos a normas com conteúdo opressor, capaz de cercear a nossa liberdade, mas a construção de normas que contribuam para uma boa convivência entre pedestres e os usuários dos meios de transporte, no caso em questão as motocicletas, são importantes, pois nesse caso o que está em questão é a vida. E plagiando o comercial da TV: a vida não tem preço! Ou será que tem? Então, quanto vale a vida? Na canção de Engenheiros do Havaí diz que “são segredos que a gente não conta, contas que a gente não faz, quem souber quanto vale, fale em alto e bom som”.

Então eu grito: A vida vale muito!

Cuidemos dela.

Até a próxima.

val

Valdenice José Raimundo
Doutora em Serviço Social
Docente na Universidade Católica de Pernambuco
Líder do Grupo de Estudos  em Raça, Gênero e Políticas Públicas – UNICAP
Coordenadora do Projeto Vidas Inteligentes sem Drogas e Álcool – VIDA.
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