A VIRTUDE E OS VALORES ÉTICOS: A CANALHICE EXTRATIVISTA SÓ TEM ENORME PROSPERIDADE NO BRASIL PORQUE CONTA COM MILHÕES DE CONIVENTES:

“ Ensina-nos Senhor a contar os nossos dias de tal maneira, que alcancemos coração sábio. “ S1.90:12

Ensina-nos o prof. Luiz Flávio Gomes, que: – Na peça Édipo Rei, escrita por volta de 427 a. C. Pelo dramaturgo grego Sófocles (497-495 a. C – 406-405 a. C., datas prováveis), era apresentada aos viajantes a terrível esfinge que lançava um enigma: “Decifra-me ou te devoro”. Nos tempos atuais, a nossa esfinge é a das virtudes e dos valores éticos (honestidade, fidelidade, tolerância, exemplaridade, justiça, temperança etc.). Tanto quanto da morte, deles jamais nós humanos escaparemos.

Nietzsche falava em uma “estética da existência”, ou seja, que deveríamos fazer da nossa vida o objeto de uma obra de arte. Nos incitava a perguntar continuamente se nossa vida é autêntica ou medíocre? Kant, com sua doutrina dos imperativos morais, nos advertia que teríamos que fazer de cada ação um modelo que tivesse valor universal.

A ética (“a arte de viver bem humanamente”, diz Savater) é o farol que nos guia intersubjetivamente (humanamente) para estabelecer a melhor forma de conviver. É o filtro que separa o desejado do desejável. Quando colocamos nossas pretensões particulares (políticas, econômicas, financeiras, administrativas ou sociais) descabeladamente egoístas acima dos interesses gerais estamos atritando com a ética (estamos sendo devorados pela esfinge de Sófocles).

São aéticas as condutas ou estratégias que trazem vantagens indevidas para uma pessoa ou um grupo em prejuízo do convívio de todos. Canalha extrativista é o que, com consciência disso, faz prevalecer seus interesses particulares indevidos em detrimento do coletivo, em prejuízo da convivência coletiva.

O canalha extrativista (que pratica o extrativismo imoral) é incapaz de transcender a satisfação das suas pretensões gananciosas, o próprio prazer, a glória vil, o reconhecimento abjeto. São canalhas extrativistas “os que buscam resultados a qualquer preço (sobretudo quando entram em contato com o poder público), corrompendo a tudo e a todos; é canalha extrativista o que vive “no cio eterno”, confundindo “esterco com marrom glacê”; é um acumulador (particularmente de riqueza indevida) convicto; afoga-se, no entanto, nesse acúmulo”.

Chafurda-se no seu lamaçal de imoralidade. O mínimo que devemos fazer com todos esses canalhas extrativistas (existentes aos montes no nosso País, desde 1500) consiste em decretar a ausência de respeitabilidade frente a eles. Menosprezo. O canalha extrativista não pode nunca contar com nossa admiração.

Costumamos inserir nesse rol muitos políticos (há exceções, evidentemente). Mas se vivemos numa democracia eleitoral, esquecemos que eles são apenas o espelho dos votantes. A canalhice extrativista só tem enorme prosperidade no Brasil (sendo essa a causa primeira do atoleiro moral e econômico em que nos encontramos desde sempre) porque conta com milhões de coniventes (destacando-se, desde logo, os votantes: alguns porque não possuem nenhuma consciência crítica; outros porque, odiando a política, se tornam entusiastas da canção difundida por Zeca Pagodinho,“Deixe a vida me levar”; os dois grupos são alienados; mas sem esses alienados os canalhas extrativistas não existiriam).

Com tantas informações que o mundo acelerado comunicacional vem nos proporcionando, com tanta facilidade que temos hoje de nos relacionar com as demais pessoas, estamos perdendo mais uma oportunidade de ouro para sacudir a nossa história de fracasso coletivo. Não joguemos fora as oportunidades!

mariana

Dr. Oswaldo Otávio da Cruz Gouveia
Advogado, Professor, Doutorando em Direito.

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