Limites entre liberdade de expressão e direito à privacidade

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Nos últimos dias, o caso da estudante de Direito Vaniela Oliveira tem sido o assunto nas redes sociais, nos telejornais, nas conversas entre amigos, no ônibus, em qualquer lugar em que haja comunicação.  Diversas campanhas, folhetos entregues nas ruas e mensagens de apoio à jovem mobilizaram a sociedade para ajudar a encontrá-la. Por outro lado, na mesma proporção – e até maior- em que as pessoas se comoveram em ajudar, a curiosidade foi despertada para saberem o desfecho do caso.

Assim, semelhantemente a uma telenovela, todos os dias milhares de pessoas se digladiavam na arena virtual, ora para defender, ora para acusar, ora para cobrar dos agentes investidos no caso o adiantamento do desfecho, ora para se “vestirem” de agentes da polícia e desvendarem o mistério. Após a jovem ter aparecido, bem e com vida, a curiosidade de muitos deixou de ser sadia e tornou-se mórbida.

Tal curiosidade ganhou maior proporção com o silêncio da jovem e, com isso,  diversas acusações contra a sua índole e crimes contra a sua honra, calúnia, difamação, foram proferidos sem limites. Não bastava que ela estivesse bem, com vida, e voltado para casa, cada pessoa que havia compartilhado e orado pela estudante sentia-se no direito de cobrar uma contraprestação pelo “serviço” prestado, ademais, muitos ainda asseveravam ter o “direito” de saber o que de fato teria acontecido com ela.

Hoje, aproximadamente às 10 horas da manhã, o último capítulo da novela foi revelado. Vaniela não foi vítima de sequestro, como muito foi indagado, mas, por motivos pessoais, resolveu sair de casa por um tempo indefinido. Para isto, utilizou um documento falso e saiu do Estado rumo à Paraíba, local em que ficou hospedada em um hotel por aproximadamente 3 dias.  Ela, por ter cometido o crime de falsificação de documentos, será indiciada.

Com o elucidação do caso, cabe-nos refletir não apenas sobre a viralização das mensagens dispostas nos meios midiáticos, fazendo aqui um questionamento sobre os limites no que dizem respeito à liberdade de expressão e de mídia e o direito à privacidade e à vida íntima do indivíduo, mas também o ideal que muitos possuem sobre a solidariedade. Comumente se fala,“ fazer o bem sem olhar a quem”, contudo, parafraseando para a nossa contemporaneidade, tal frase não mais se identificaria com “fazer bem olhando a quem e ainda pedindo satisfação sobre esse alguém?”.

Por fim, se todos aqueles que de algum modo se envolveram com o caso esperavam um desfecho dramático, a expectativa não foi correspondida. Os motivos que a levaram a cometer tal atitude cabem apenas a ela, e ratificar tal pensamento é a melhor forma da onda de altruísmo que a atingiu no início do caso voltar a abraça-la, uma vez que a solidariedade é amiga íntima do respeito.

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