“Eu quero possuir os teus olhos, embora
essa posse me custe um tormento sem fim;
não se assemelhará à dor que me devora,
ao tormento cruel que me aniquila assim.
Tem a minha ambição a pureza dos lírios
Eu quero teu olhar! Careço duma aurora.
Oh, dá-me os olhos teus! Careço de dois círios
Que me dispensem luz à derradeira hora.
Com o mesmo ardor que um cego implora a luz do dia,
Do teu olhar implora a fúnebre ardentia,
O céu da minha vida é tão escura flor.
(Entre o céu e a Terra – 1972 – Corina de Holanda, pág. 21)