“Vultos e episódios da terra natal”.

Nossa cidade, Vitória de Santo Antão, com quase quatrocentos anos, talvez seja, entre as cidades do nordeste, uma das mais documentadas nos que diz respeito aos seus fatos marcantes, assim como à história dos seus antepassados.

As igrejas da cidade, sobretudo a de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, guarda livros e registros que nos remete aos tempos mais longínquos da nossa organização social. O Instituto Histórico e Geográfico da Vitória, guardião de verdadeiro relicário vitoriense, manténs-se firme e forte, entre outras, na sua missão de transmitir às novas gerações informações fidedignas e ímpares.

Aconselho a todos vitorienses, mesmo que seja apenas por curiosidade, perder alguns dos seus preciosos minutos nas páginas das Revistas do Instituto, editadas pela instituição desde 1954, chegando, ao longo de todo este tempo, salve engano na sua décima terceira edição, todas, sob a batuta, incansável, do Mestre Aragão.

Dr. Célio Meira (Escritor)

Esta semana, reli o artigo escrito pelo mau avô, Célio Meira, cujo título era: VULTOS E EPISÓDIOS DA TERRA NATAL, publicado na referida revista, no volume 5º editada no ano de 1973. Um verdadeiro deleite para os bons vitorienses que cultuam a história da cidade.

Li, entre outros, que existiu em nossa cidade, por volta do ano de 1900, um professor cujo nome era: Rodolfo Jovino de Santana. Narrou meu avô, em seu artigo, que ele era: “negro retinto, alto, espadaúdo, gordo e forte, enérgico, de poucas palavras”. Falava ainda que guio-lhe nas jornadas das primeiras letras com vigilância e cuidados paternais.

Disse ainda meu avô, Célio Meira, que no ano de 1909, ainda adolescente, ao fazer, no Recife, por três dias, o teste de admissão dedicou o seu trunfo, primeiramente a Deus, e depois ao seu professor Rodolfo. Nas viagens de férias que meu avô fazia à terra natal, nunca esquecera de ir beijar a mão do seu inesquecível professor.

Este gesto de reconhecimento, dispensado pelo meu avô, Célio Meira, ao seu guia nas primeiras letras, Rodolfo, era encarado, pelo velho professor, com muita alegria e satisfação. No seu artigo, escreveu ainda meu avô: “Vi-o, muitas vezes a  sorrir, nesses encontros  do rapazinho e do velho, e duma feita, observei que, discretamente, enxugava uma lágrima, de alegria”.

Portanto, como já falei, as Revistas do nosso Instituto Histórico trás, inúmeros artigos que contam um pouco do cotidiano vivido pelos nossos antepassados em nosso torrão. Que Deus tenha promovido um auspicioso encontro dessas duas almas na morada eterna.

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