Não ria se puder

Um dia, já anoitecendo, eu estava com a cabeça na janela, quando vinha um bêbado que a custo se mantinha de pé. Era morador das proximidades e tomava uma cachaça desgraçada. Dizia-se portador de clarividência, via coisa que ninguém enxergava. Veio cambaleando, parou mesmo na minha frente. Olhou em volta de mim, sondando minha aura e saiu-se com essa: – Mestre, eu estou vendo um bocado de gente junto de você.

Aí, eu indaguei: – É homem, ou é mulher?

Aí, o bêbado: – Tem homem e tem mulher.

Não tive dúvida: – Leve os homens e deixe as mulheres.

O bebum achou ruim. Saiu por ali ladrando impropério de toda natureza. Tem jeito?

Sosígenes Bittencourt

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *