Instituto Histórico comemora os 170 anos de elevação de Vila à cidade da nossa Vitória de Santo Antão.

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Conforme anunciado aconteceu na última sexta (10) nas dependências do Teatro Silogeu José Aragão Bezerra, a solenidade comemorativa aos 170 anos de elevação à categoria de cidade, da nossa Vitória de Santo Antão.

Constava também na programação oficial do evento a homenagem póstuma à Professora Maria do Carmo Tavares de Miranda com aposição da sua foto no Salão Nobre da Instituição.

Após o discurso (leia abaixo na integra) inicial do Presidente da casa, Professor Pedro Ferrer, onde o mesmo realçou a palavra ELEVAÇÃO, dando-lhe diversas conotações e cobrando das autoridades competentes as devidas ELEVAÇÕES nos mais diversos temas, dando mais ênfase para o  Trânsito e ao Patrimônio Cultural da cidade, a Professora Graziela Peregrino, amiga a mais de setenta anos da Professora Maria Tavares, contou, com riqueza de detalhes, um pouco da vida da homenageada.

O Coral do Engarrafamento Pitú subiu ao palco do teatro para brindar a todos com uma belíssima apresentação. A última parte do evento contou com uma exibição de um DVD, de pouco mais de dez minutos, contando a edificante história de vida da Professora Maria do Carmo Tavares de Miranda. Ao final todos participaram de um coquetel nas dependências da Casa do Imperador.

DISCURSO NA INTEGRA DO PROF. PEDRO FERRER, PRESIDENTE DO IHGVSA, DURANTE A SOLENIDADE:

Reunidos, vitorienses e diletos amigos da Vitória de Santo Antão. Reunidos para não só festejar a data da assinatura do ato do presidente da Província de Pernambuco, o Barão da Boa Vista, que nos elevou à categoria de cidade no longínquo 6 de maio de 1843, mas sobretudo para uma releitura do fato. A História é dinâmica e não se restringe a uma simples repetição de datas, personagens e acontecimentos.  A História é feita e escrita em cima de fatos reais, todavia a narrativa sofre influência do historiador que carrega uma carga sócio cultural associada a um sistema psíquico e a um estilo literário próprio. Um mesmo fato histórico pode ser, de acordo com especialistas da historiografia, contado de várias maneiras diferentes, sem perder sua essência: “um mesmo fato histórico poderá ser recodificado de formas diferentes, gerando novas interpretações.”  É esta recodificação do 6 de maio, que hoje festejamos, que esboçaremos sob as luzes do que ocorre em nossos dias, na República das Tabocas ou República da Cachaça, como outros, tão carinhosamente preferem titulá-la.

Elevação. Semanticamente significa subir, elevar, galgar um ponto mais alto. A Vila de Santo Antão foi elevada a um ponto mais alto o que acarretou consequências políticas administrativas que refletiram em seu progresso e crescimento. O fato, os personagens, a data e suas consequências momentâneas são pontuais. Isoladamente, são perfumarias.

Seguindo a linha de raciocínio a que me proponho a elevação de uma cidade subtende participação e elevação de sua população. Passar de Freguesia à Vila, de Vila à Cidade são formalidades, caso não venham acompanhadas de uma efetiva elevação/participação do povo. Esta participação efetivamente deve se refletir na elevação do nível social, na elevação da cultura, na elevação da educação, na elevação da saúde, na elevação da responsabilidade civil dos cidadãos, na elevação do respeito aos direitos do próximo, na elevação do equilíbrio ecológico, na elevação da prática democrática, na elevação do senso crítico. São tantas as elevações que passaríamos horas a citá-las e a analisá-las.

Uma outra faceta diz respeito diretamente aos políticos. Elevação dos políticos. Todos são responsáveis, estejam ou não estejam ocupando cargo ou função no poder legislativo ou no executivo. Atravessamos na Vitória de Santo Antão um momento delicado, um momento que exige dos gestores, sensibilidade e senso crítico ou seja, saber ouvir e sobretudo reconhecer e aceitar os erros. Necessário equilíbrio e ousadia nas decisões. O progresso chega à Vitória de Santo Antão de maneira galopante. Alguns setores da nossa cidade não foram preparados para tamanha explosão progressiva, d´aí clamam por medidas urgentes e necessárias. Necessário afastar o caos que se avizinha do nosso trânsito, urgente proteger nosso patrimônio público. Outros setores, tais como educação, saúde, segurança poderiam ser destacados, todavia vou me deter nestes dois: trânsito e patrimônio. Alguém menos avisado poderá levantar a questão: o que tem o 6 de maio e o Instituto Histórico a ver com estas questões levantadas? Muito. Primeiro, falamos desde o início e insistimos exaustivamente na palavra elevação. Segundo, o Instituto Histórico e Geográfico mesmo sendo apolítico não pode, nem deve se omitir. Não estamos tomando partido ou posição política, estamos isto sim preocupados com a elevação do nível e da qualidade de vida da nossa gente e neste aspecto a Instituição não pode ser omissa. Não precisa ser técnico, tão pouco especialista em trânsito, para descobrir os pontos nevrálgicos do trânsito da cidade. Até quando os vitorienses passarão por esses dissabores diários?

 Nosso patrimônio: o belo e majestoso mercado da farinha ou dos cereais continua às ruinas, verdadeira tapera; o antigo açougue; um ano e três meses o Sobradinho espera por uma intervenção ou ajuda; nossas praças, em especial a praça Duque de Caxias. Um ex-prefeito nas caladas da noite e da madrugada meteu tratores na praça, destruiu os canteiros, arrancou as árvores e transformou a principal praça do centro comercial em um estacionamento. Este lamentoso fato está bem narrado e analisado no livro recentemente publicado e que tive a honra e o privilégio de coordená-lo, “História da Vitória de Santo Antão, 1983 a 2010. Voltemos à praça Duque de Caxias. Ela é fruto de um modelo caótico e descabido de administrar. O homem é preterido pela máquina. Os automóveis ocupam o espaço outrora dedicado ao lazer. Paralelepípedo no lugar de gramas, de flores e de árvores. Urge recuperarmos a praça Duque de Caxias e devolvê-la ao povo em sua forma original tão caprichosamente construída pelo saudoso Manoel de Holanda Cavalcanti. Adotou-se na Vitória de Santo Antão o hábito de se construir nos logradouros públicos. Reduzem os espaços de lazer que normalmente seriam destinados às crianças, aos idosos e aos namorados. Na praça da Bela Vista construíram uma escola e um posto de saúde. Na praça Luís Boa Ventura um enorme bar que ocupa no mínimo 60% da mesma. Na praça Severino Ferrer três quiosques. Bares e barracas na praça Leão Coroado vendendo bebidas alcoólicas, próximo ou quando não, na porta do tradicional Colégio Três de Agosto. Depois nos queixamos da proliferação de drogas. E o Instituto não tem nada com isso? Vai ficar de braços cruzados? Ser macaquinho de escrivaninha que tampa os olhos, os ouvidos e a boca: nada vejo, nada escuto e nada fala? O Instituto quer e vai continuar, independente de coloração política, lutando pela elevação da cidade, pela elevação do patrimônio cultural, pela elevação do trânsito livre e organizado, pela boa educação, pela saúde. Recentemente, dezembro de 2012, por ocasião da outorga do título de cidadão vitoriense pela Câmara de Vereadores, a um grupo de autoridades de destaque o dr. Luís Carlos Ferrer Carneiro, médico radicado profissionalmente aqui na cidade, filho de vitorienses, fez severas críticas, críticas bem mais contundentes que estas. Apresentou sugestões, tudo em vão. Ficaram para as calendas gregas. Esperamos que nossas críticas e sugestões caiam num solo fértil, brotem e frutifiquem.

Encerro citando uma frase de Monteiro Lobato, forte e positiva que elevará com certeza nosso espírito: “um país é feito de homens e livros”.

Pedro Ferrer

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