Fim de Semana Cultural:
Incitatus, meu dragão (poesia) – por Rildo de Deus

As presas de ferro
Patas de leão
Canta com berro
(Meu cajado na mão)
As cores da crina
Rastros de cocaína
Lá vem meu dragão
Trago do ovo
De onde veio Guriatã
Um bicho novo
Mais feio que Satã
Drago garboso
Do corpo escamoso
Patuá Muiraquitã
Êle estrala o pescoço
Não tem asas do lado
Mas voa com o corpo
Silencioso e calado
300 centímetros
Seu nome é Incitatus
Por mim é montado
Não há bicho do Cão
Que seja mais rápido
Veloz é o drago
No espaço comprido
Assobio pra invoca-lo
O canto do Galo
Bicho lindo e sabido

Montaria de Mago
Incitatus, meu garanhão
Mas vê que estrago
Cavalo contra dragão
Uma luta no céu
Luar, meu pincel
São Jorge de espada na mão
Calma são Jorge
Raciocine, use a mente
De você a gente não foge
Mas a luta é descontente
Qual o motivo pra atacar?
E essa cena marcar
Pra estragar a semente

Calma, são Jorge
O mal já passou
Ilustro sua armadura
Veja quem sou
Não venha à luta
Não, JORGE! Escuta
E o Catimbó retesou

“São Jorge voou
São Jorge voou no céu”

Esse rocim é mearas
E tá pra pangaré
Roubaste-o do Haras
Do Rei Tucunaré
Tu és são Jorge
A gente não foge
Vamos lutar em pé

Deixe o seu Cavalo
Êle contra meu Dragão
Assim a luta fica equilibrada
Versos Eu, não há comparação
Vê, você tá de armadura
Eu tenho pouca estatura
Mas me defendo com artes do Cão

Já me atraquei contra anjo
E dei na cara de besta-fera
Não possuo mulher
Medo de bicho que gera
Me decepcionei com você
Pois não tem pra quê
Atacar minha fera

Seu arsenal assassinou
Gárgulas do Castelo
Sátiros, Carrancas
E a Cuca de chinelo
Tente pegar Mato-Flor
Ou desposar Flor-do-Amor
Pra Tupã estrondar Amarelo

Procure os encantados
De tanto brilho quanto você
Deixe Os Seres Imaginados
Ou terei de lhe bater
Não quero inimizade
Não enfraqueça a amizade
Volte pra Lua, dê ré

São Jorge resignado
E cego na fé
Não desceu do cavalo
Que relinchou de pé
São Jorge se armou
A lança perfumou.
(Ele vai ver Incitatus quem é…)

Meu dragão de 3metros
Na constelação de Escorpião
Entrelaçou-se
Rodou feito pião
Saiu como um tiro
Assim me refiro
Preste muita atenção

Certeiros feitos cometa
Cadente estrêla vermelha
São Jorge dizia: – SOPRE FOGO
Meu drago soltou centelha
O cavaleiro canalha
Defendeu-se da fornalha
Com seu escudo de telha

Acariciei suas orelhas
Incitatus mudou de caminho
Na frente do santo
Deu-lhe sem carinho
Com o rabo na cara
Veja que cena rara
O cavalo do levou no focinho

E rápidos, uma luz
Nós fomos embora
Pra não fazer o pior
Pro santo chegou a hora
Ele voltou para a lua
Pra sua fama de rua
Não sair estrada afora

Eu, meu dragão
O drago de mim
Fomos para outra constelação
Aonde santo não vai de rocim
Essa estória é folclore
Avalie e explore
Erva de Fumo ou pirlimpimpim

Rildo de Deus é Escritor e Estudante de Filosofia da UFPE

Você também é escritor, poeta ou compositor vitoriense? Envie o seu texto para ser publicado no fim de semana cultural. E-mail: contato@blogdopilako.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *