Fim de Semana Cultural:
Quem sabe um dia? (poema) – Por Egidio T. Correia

Se for preciso
Eu serei neném
Adormecerei no teu colo,
Acordarei nos teus braços,
E verei novo amanhecer?

Quem sabe um dia,
Quando precisar
Eu serei criança
E cheio de esperança
E aprenderei contigo
O que mais preciso aprender?

Quem sabe um dia,
Quando precisar
Eu serei mais jovem, e então,
Eu brincarei, rirei, cantarei e chorarei contigo
Crerei em tudo, que podereis crê?

Quem sabe um dia,
Quando precisar
Serei mais maduro
Serei tua esperança e o teu futuro,
Ensinarei tudo
O que quiseres me aprender?

Quem sabe um dia,
Quando precisar,
Serei teu homem
Matarei a fome
Dos seus desejos,
E encontrarei entre teus beijos
Tudo que eu preciso ter?

Que sabe um dia,
Por um tempo, serei teu rei,
Mas também serei teu súdito,
Romântico, sábio e muito arguto,
Envelhecerei?

E, quem sabe um dia, dentro de ti,
Mesmo estando aqui
Eu morrerei?

Ou, quem sabe um dia,
Quando eu partir,
Eternamente dentro de ti,
Eu ficarei e viverei?

Egidio T. Correia é poeta,
membro da Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência

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Quem sabe um dia? (poema) – Por Egidio T. Correia

  1. CORDEL DO CONTRADITÓRIO/3
    POR EGÍDIO T. CORREIA

    Já andei por vários caminhos
    Tentando me conhecer.
    Hatha-yoga, budismo, umbandismo,
    Espiritismo, catolicismo, Seicho-no-ie.
    Evangelismo e gnose.
    Sempre em busca do saber.

    Busquei a verdade suprema
    Que os deuses podiam dá
    Descobri que a verdade
    Está em todo lugar.
    Cada um tem a verdade
    Que dentro de si encontrar.

    Já tentei achar o milagre
    Que vem da religião.
    Entender porque tanto se fala
    Nos desígnios da salvação.
    Entendi que só eu me salvo
    E que o resto é ilusão.

    Eu já usei amuletos,
    Pé de coelho e patuá.
    Já usei figa e santinhos.
    Fui ao padre me confessar.
    Já fui fazer descarrego
    No terreiro com um orixá.

    Já usei pedras da sorte
    Carregadas de energia.
    Já fiz promessa pra santos,
    Mil-e-uma, simpatia.
    Só não procurei ainda
    O terreno da bruxaria.

    Filiei-me a seitas secretas.
    Já fiz cromoterapia.
    Usei incenso indiano,
    Cursei parapsicologia.
    Consultei o meu horóscopo,
    Pra vê o que os astros diziam.

    Frequentei divãs Psicanalistas,
    Fiz terapia grupal.
    Fiz estudos transcendentais,
    Do transe espiritual.
    Fiz vigília em oração
    Na casa paroquial.

    Tantas outras peripécias
    Que me ensinavam eu fazia.
    Como eu era inseguro
    Acreditava no que diziam.
    Me apegava a superstições
    Até acreditei em magia.

    A conclusão que cheguei;
    Só em mim devo confiar.
    O que eu não fizer por mim
    Não devo da sorte esperar.
    Trabalho, estudo e competência,
    Muita garra e paciência
    É só isso – até a morte chegar.

  2. SEXTA-FEIRA, 28 DE JUNHO DE 2013
    CORDEL DO CONTRADITÓRIO NÚMERO DEZ.

    CORDEL DO CONTRADITÓRIO/10.

    Esse filme eu já vi
    Não precisa me contar
    Vem governo e vai governo
    E a forma de governar
    Também mudam os protestos
    E forma de protestar.

    Nasci em quarenta e três
    E nesses anos que vivi
    Assisti a muitas coisas
    Sobre outras eu já li
    Mas todo mundo contente
    É coisa eu nunca vi.

    Governos que agradam pobres
    Deixam ricos descontentes.
    Ricos querem ser mais ricos
    A custa de toda gente
    E pobres querem ser ricos
    Mesmo sem ser competente.

    “Nem Jesus agradou todos”
    Já diz o velho ditado.
    Tem homem que até consigo
    Estar sempre inconformado
    Querem que governos mudem
    Mas não querem ser mudados.

    O governante é um homem
    Que sai da sociedade.
    As virtudes e defeitos
    Benevolência ou maldade
    Ele aprende quando vive
    Na sua comunidade.

    Se povo não percebe
    Ou se deixa enganar.
    Troca o voto por favores
    Na hora que vai votar.
    Só ensina ao governante
    Esse modo de governar.

    As reclamações são sempre
    O roubo a corrupção,
    O desvio de dinheiro,
    Má administração.
    Vai um governo e vem outro
    E a mesma reclamação.

    Se não tem eleitor perfeito
    Não tem governo também.
    Se um povo é mal-educado
    Governo educado não tem
    Se o povo for desonesto
    A honestidade não vem.

    Li muito sobre Getúlio
    E o famoso JK.
    Jânio quadros e a vassourinha
    Que tudo ia limpar.
    O roubo, a corrupção,
    Tudo ia se acabar.

    João Goulart assumiu.
    E logo foi acusado.
    De ser quase um comunista.
    Fraco e desequilibrado.
    Passeatas, greves e protestos.
    Surgiram por todo lado.

    Veio golpe militar,
    Que comandou a nação.
    Foram quase vinte anos
    De censuras e cassação.
    Muita gente foi exilada
    Outros foram pra prisão.

    Eu vi nos anos sessenta
    Estudantes revoltados
    Lutando por liberdade
    Confusão pra todo lado
    E políticos sendo preso
    Ou tendo cargos cassados.

    No próximo cordel eu volto
    Fazendo a comparação.
    Do que hoje acontece
    Com aquela época de então
    Pra não perder o embalo
    No no mesmo cordel eu falo
    Da presente situação.

  3. CORDEL DO CONTRADITÓRIO NÚMERO ONZE.

    Continuando o cordel
    Que eu mesmo prometi
    Comparando o tempo atual
    Com momentos que já vivi
    As idas e vindas do tempo
    E mudanças que assisti.

    Nos chamados anos de chumbo
    Militares queriam mudar.
    Achavam que a força bruta
    Era a forma de governar.
    Prendiam, acusavam, matavam
    Quem ousasse discordar.

    O Lindbergh Farias
    Que é senador do PT
    Já foi presidente da UNE
    Antes de muitos nascer
    Também liderou estudantes
    Que não sabe é bom saber.

    Estudantes sempre acham
    Que o mundo deve mudar.
    Fazem manifestos e protestos
    E vão pra rua gritar.
    A coisa mais fácil que tem
    É a outros condenar.

    Já vi muitos e muitos ser presos
    Querendo a democracia
    Querendo um país melhor
    Como se faz hoje em dia.
    O que se pede nas ruas
    Na época já se pedia.

    José Jenoino e José Dirceu
    Também foram perseguidos.
    Zé Dirceu foi exilado
    Antes do PT ter nascido
    O ex-presidente Lula
    Passou trinta dias detido.

    A Dilma também foi presa
    De comunista foi acusada.
    Nos porões da ditadura
    Dilma foi torturada
    Lutando por liberdade
    E essa democracia sonhada.

    Mas quando se chega ao poder
    E tem o comando na mão
    Percebe-se que tudo aquilo
    Não passou de ilusão
    Querer mudanças é fácil
    Mudar é outra questão.

    Quem é estudante hoje
    Pode governar algum dia.
    De corrupto será acusado
    Como ele mesmo fazia
    Acusando quem governava
    E achando que tudo sabia.

    Antes de Jesus nascer
    Já havia corrupção.
    Judas foi traidor
    Dimas era ladrão.
    Jesus queria mudar
    E acabou na prisão.

    Jesus Cristo e Maomé
    A bíblia e o alcorão.
    Buda, Confúcio, Demóstenes,
    Sêneca, Sócrates, Platão.
    Sábios, filósofo profetas,
    Política e religião.

    Todos querem mudar por fora
    Mas poucos mudam por dentro.
    Esse é motivos de guerra
    Que existe de tempo em tempo.
    Ninguém muda outro homem
    Sem o seu consentimento.

    Sempre haverá governados,
    Sempre haverá governantes.
    Sempre haverá protestados,
    Sempre haverá protestantes.
    Veem pessoas vão pessoas,
    Tudo fica como antes.

    Não me julgue pessimista,
    Não me julgue acomodado.
    Também já fui protestante,
    Também já fui protestado.
    Só estou dizendo que o mundo
    É um velho moribundo
    Trazendo muitos recados.

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