Quer o vitoriense ter uma visão panorâmica da cidade?
Suba os morros que a circundam, nos diversos bairros, distenda a vista pelos quatro pontos cardeais, ou então, a sobrevoe num das aeronaves do Aeroclube local.
E verá que a cidade cresce em quase todos os sentidos. Nos Maués, no Centro, em direção a Natuba; transpôs o Tapacurá, galdou o Alto da Boa Vista e se espraia nas várzeas circunjacentes, no Jardim Ipiranga, nas propriedades que contornam o Hospital Santa Maria; saiu pelo antigo Beco do Borges, subiu o morro do atual Jardim São José; desbordou do Jiquiá e vai subindo as ladeias do antigo sítio Oiteirinho; cercou as antigas propriedades da Pitombeira, dos sítios Recreio e Jaqueira, todas envolvidas por novas ruas em diferentes direções e hoje lotadas.
Alongou-se de Água Branca para um lado, na antiga propriedade Santana.
Aqui e alo, vão surgindo aglomerados de casas, isoladas, perto umas das outras, permitindo-nos já antever o que será a cidade da Vitória de Santo Antão dentro de dez a vinte anos, quando todos esses logradouros se ligarem ao centro urbano.
Mas, o que é para lamentar, esse crescimento nem sempre tem sido disciplinado pelo poderes públicos. Várias administrações se omitiram nessa, por todos os motivos, importantíssima obra, que é a do planejamento urbano e suburbano, deixando que, nos terrenos que cercam a cidade, se construíssem e se construam casas sem a devida licença municipal, sem qualquer plano para a formação das ruas e o alinhamento dos prédios, o que permitiu se formassem verdadeiros Arraiais de Canudos, como, por exemplo, nas ruas do antigo sítio Cedro, nos Maués e em Santana.
Esta displicência tem criado e vai criando dificílimos problemas para a própria Prefeitura.
Quando, algum dia, o esforço administrativo se dirigir a essas paragens com o intuito de modernizá-las, terá de desapropriar casas e mais casas, de recente construção, para dar um arremedo de alinhamento às ruas tortas e estreitas que nelas se criaram, inteiramente a revelia do poder público.
Estamos informados de que a administração atual do Município vai cuidar seriamente do assunto, elaborando uma planta geral e definitiva da cidade, que abrangerá todos os terrenos situados em torno da mesma, dentro de uma área de três a quatro quilômetros, e estabelecendo normas seguras e adequadas para qualquer nova construção, com um mínimo de largura para as ruas e alinhamento certo para os prédios de qualquer natureza, mesmo os de taipa, que os há ainda.
José Aragão
Editorial do Jornal O Vitoriense de 28 de Fevereiro de 1966.
