Menos palavras, mais ação

Estamos cansados de ouvir e de ler exposições de motivos sobre os males da ordem social, política e econômica que nos afligem e ocasionam a terrível crise espiritual, moral e material em que nos debatemos.

Em suma, todos concordamos em que devemos voltar aos velhos valores, renunciar ao egoísmo utilitário da vida moderna e realizar, em sua plenitude, o grande mandamento do “amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos”.

Gastam-se todos os dias palavras e palavras para demonstrar essas verdades que estão em nossa consciência porque, antes que alguém dissesse, a nossa razão as proclamara e o nosso bom senso no-las indicou.

Mas, que tem surgido dessa convicção íntima firmada em nosso espírito?

Mudamos de atitude, quer individual, quer coletivamente? Reforçamos os nossos costumes, a nossa vida, as nossas leis, pondo em prática os preceitos da moral evangélica e da caridade e justiça?

Não. Permanecemos cidadãos, família, sociedade, governo, os mesmos.

A luta continua e a crise se agrava, porque o homem não se lembra de Deus e continua sendo um lobo para outro homem.

De palavras, basta. Necessitamos de ação, construtiva, elevada, nobre, em todos os setores da vida nacional, na vida privada como na pública, o que só se realizará quando houver homens de boa vontade.

O mais é ilusão.

José Aragão – Editorial do O Victoriense, de 22.05.1948.

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