O Tempo Voa Documento (Especial) – “No Tricentenário de Fundação da Cidade (1926)”

De 1 a 3 de Agosto de 1926, grandes festas foram realizadas nesta cidade em comemoração ao terceiro centenário de sua fundação.

A Comissão Executiva, composta dos snres. José Bonifácio de Holanda Cavalcanti, José Teixeira de Albuquerque, Prof. Antonio Guedes Alcoforado, e João de Lemos, realizara, antes, diversas reuniões nas quais ficara organizado o programa, cuja execução foi fielmente cumprida.

No domingo 1º de Agosto, na Praça 3 de Agosto, às 6 horas, a Banda Musical “Euterpe Vitoriense” tocava Alvorada, queimando-se uma salva de morteiros. À noite, houve retreta e tiveram início os divertimentos populares naquele local.

No dia 2, continuaram essas comemorações, tocando a Banda Musical e realizando o Orfeão Santa Cecília um concerto ao ar livre.

No dia 3, data oficial das comemorações, às 5 horas, os sinos de todas as igrejas locais repicaram festivamente enquanto girândolas fendiam os ares, silavam as locomotivas na estação ferroviária e buzinavam os automóveis, percorrendo as ruas, e a Banda Musical tocava marchas e dobrados, iniciando o programa comemorativo.

Monsenhor Américo Pita
Vigário de Satno Antão – 1925 – 1958

Às 6 horas, na Praça 3 de Agosto, diante do Monumento alusivo ao combate do Monte das Tabocas, era celebrada  Missa em Ação de Graças pelo Padre Américo Pita, Vigário da freguesia, preferindo o sacerdote conterrâneo Padre Estevão Cruz uma oração gratulatória que adiante transcrevemos. Fora, de início, cantado o Hino da Vitória, e, encerrando a solenidade, foi executado o Hino Nacional, queimando-se então uma salva de morteiros.

No altar, viam-se desfraldadas as Bandeiras do Brasil e de Portugal. Cerca de quatro mil pessoas assistiram a esse grandioso espetáculo cívico-religioso, reverenciando a memória de quantos, nos trezentos anos decorridos da fundação da cidade pelo português Diogo Braga, haviam trabalhado para seu desenvolvimento e progresso.

Às 9 e 30, pelo trem do horário, chegavam do Recife a Comissão representativa do Instituto Arqueológico Pernambucano composta dos dres. Samuel Campelo e Carlos Pereira da Costa, jornalistas representando os matutinos do Capital, a Banda Musical do 2º Corpo de polícia, diversas pessoas gradas e vitorienses radicados no Recife, sendo festivamente recebidos.

Às II horas, na Praça Diogo Braga, teve lugar o encerramento, no Monumento ali erguido ao Fundador da cidade, da urna contendo documentos, jornais, moedas e cópia da Ata respectiva, a qual foi assinada pelas autoridades locais e representações da Capital.

Às I4 horas, realizou-se no Paço Municipal a solene sessão magna comemorativa, presentes as escolas, as Bandas Musicais, comissões representativas das sociedades locais e da Capital e as autoridades.

Ocuparam a Mesa o Prefeito do Município, dr. José Horácio Carneiro Leão, o Juiz de Direito da Comarca, dr. Felinto Ferreira de Albuquerque, o Padre Américo Pita, Vigário da freguesia, o Presidente do Conselho Municipal, Cel. Antonio de Melo Verçosa, os representantes do Instituto Arqueológico e o Padre Felix Barreto, Diretor do Ginásio do Recife e vitoriense de coração e de formação.

Abrindo os trabalhos, o Prefeito convidou ao Dr. Juiz de Direito para, na qualidade de representante do Dr. Governador do Estado, assumir a presidência, tendo o mesmo aquiescido e, depois de ressaltar a grande significação do fato que se comemorava, dado a palavra ao Orador oficial, dr. Samuel Campêlo.

Na sua oração, o dr. Samuel Campêlo recordou os dias que passara nesta cidade como Promotor público, a sua atividade na imprensa local, os laços de admiração e de afeto que o prediam aos vitorienses e, repassando os principais acontecimentos da história local nos três séculos decorridos, exaltou a terra vitoriense e o seu povo, as suas tradições cívicas, numa Saudação final a Vitória. Suas palavras foram delirantemente aplaudidas, sendo em seguida encerrada a sessão.

Manoel de Holanda Cavalcanti (oficial do Registro Civil)

Logo após, as escolas públicas, puxadas e seguidas pelas Bandas Musicais e por compacta multidão, realizaram um desfile pelas ruas centrais em direção a Praça Diogo Braga. Ali chegando, usou da palavra o Sr. Manuel de Holanda Cavalcanti em nome da Comissão Executiva das Festas, entregando à cidade, na pessoa do sr. Prefeito, o Monumento comemorativo ali erguido, no cimo do qual figura o busto de Diogo Braga, obra executada pelo escultor Bibiano Silva. Usaram da palavra o Padre Felix Barreto, em nome do Prefeito e do dr. Carlos Pereira da Costa, em nome do Instituto Arqueológico, tendo todos os oradores palavras de exaltação à história vitoriense.

Antigo Curral da Municipalidade, localizava-se onde hoje se vê a Praça 3 de Agosto. Nela se realizava a feira de gado – década de 1920.

Na antiga Praça Ambrosio Machado, chamada vulgarmente “Pateo dos Currais” porque nela se realizavam as feiras de gado, para o qual havia um curral na área atualmente ocupada pelas casas de números 63 e 79 e seus terrenos, foram inauguradas placas com a nova denominação de “Praça 3 de Agosto”, homenageando a data aniversária da Batalha das Tabocas, cujo Monumento ali se encontra, e que dessa data em diante passou a ser considerado também o “Dia da Cidade”.

Nessa oportunidade usaram da palavra o poeta e jornalista vitoriense José Teixeira de Albuquerque e a senhorinha Marieta de Oliveira.

À noite, continuaram os festejos populares, tocando as duas Bandas Musicais e o Orfeão Santa Cecília, êste composto de 24 figuras sob a regência do Prof. José Mendonça, executando ao piano, e em bandolins, violinos e flautas, peças clássicas.

Circularam em edição especial consagrada ao município da Vitória a “Revista dos Municípios” e “O Lidador”, velho hebdomadário local.

No salão principal do Paço Municipal, realizou-se animando baile em homenagem à data, o qual se prolongou até alta madrugada.

O monumento comemorativo mede cerca de três metros de altura e contém a seguinte inscrição: 1626 – 1926 – Homenagem ao Fundador da Cidade da Victória por iniciativa das Associações delegadas, sendo o Prefeito do Município o Dr. José Horacio C. Leão, o Vigário da Freguesia o Revmo. Pe. Américo Pita – Comissão: José Bonifácio, Guedes Alcoforado, Teixeira de Albuquerque, José Alexandre de Barros, João de Lemos. 3 – 8 – 1926 – BRAGA – (O FUNDADOR).

Texto publicado originalmente em 1968 na REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO – VOL. IV – PAG 45

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