No primeiro dia útil do ano

No primeiro dia útil do ano, um casal anoiteceu se beijando. Inútil lembrar-lhes o cotidiano. Esqueceram até que mudaram de ano… Sôfregos, se abraçavam, se beijando. O Brasil deve ser um dos países onde mais se beija no mundo. Falta-se ao trabalho para se beijar. Vai-se ao trabalho para se beijar. Beija-se ao pingo do sol, no deserto, à beira-mar, assim haja quem se preste para beijar. Beija-se até sem beijar, mergulhado em sonho, de tanto desejar.

No primeiro dia do ano, um casal anoiteceu se beijando. A lua ia rápida, atravessando as nuvens, o aroma era de mato, de terra, de rio, como sói acontecer no Brasil. O palco talvez sugerisse uma peça musical à la Villa-Lobos, eivada de tantos arroubos.

No primeiro dia do ano, não cabia desengano, no espaço que estreitava o casal que anoiteceu se beijando.

Amoroso abraço!

Sosígenes Bittencourt

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