Qualidade de vida ameaçada

Desde a revolução industrial com a poluição gerada pelas fábricas, no século XIX, fala-se na qualidade de vida ameaçada pelo crescimento desordenado. Quando se começa a falar sobre este assunto, muitos questionam os fatores positivos do aumento da economia, como a importância da geração de empregos pela implantação destas indústrias. Quero antemão, afirmar que as cidades mais modernas do mundo que se tornaram centros comerciais importantes, hoje estão preocupadas em diminuir as consequências da falta de planejamento de décadas.

Em nossa querida Vitória de Santo Antão, observamos a chegada de indústrias que hoje já tem impacto no setor imobiliário com o crescimento dos preços de aluguéis e valorização na venda de imóveis devido à ocupação de trabalhadores advindos de outros locais. No Cabo de Santo Agostinho e em Ipojuca, essa ocupação de pessoas de outras áreas esta mais avançada e ao contrário do que muitos pensam, trouxe algumas consequências negativas como, por exemplo: com o aumento da especulação imobiliária, aumentou-se o déficit habitacional para os Cabenses, o que pode ser um dos fatores que resultou no aumento da violência urbana. Resultou também que várias pousadas das praias vizinhas foram fechadas e transformadas em albergues para trabalhadores, que por algumas vezes não trazem o mesmo lucro que, por exemplo, um turista traria.

Esse inchaço provocado pelo crescimento aumenta ainda mais a responsabilidade do poder público local devido ao aumento da própria demanda, por exemplo: na coleta de lixo, no número de creches para as mães que trabalham e tem que deixar o seus filhos em algum local, aumento no trânsito, mais escolas públicas, esgotamento sanitário, transporte urbano e etc.

Hoje observamos que não há nenhum estudo sobre qual será o impacto a médio e longo prazo do crescimento econômico na cidade.

Sem nenhuma obra realmente estruturadora realizada pelo poder público nas ultimas gestões, observamos que hoje temos apenas a manutenção ainda sim que tímida, do que já foi feito. Leia obras estruturadoras: ampliação de ruas e avenidas, melhoramento significativo do esgotamento sanitário, qualificação da feira livre, limpeza de rios, construção de calçadões, ciclovias, novas praças, qualificação turística e outras ações que permitiriam aliar o crescimento econômico à qualidade de vida dos moradores.

Na prática o maior responsável pelo direcionamento deste crescimento é o gestor público que transforma a arrecadação pública gerada pelos impostos em obras de melhoria comum, não se pode esconder isso apontando o crescimento apenas a vinda de empresas. Vimos a cidade Jaboatão passar por este mesmo problema que há anos, gestores administravam com a velha política de troca de favores e apadrinhamentos, hoje Jaboatão está com um Elias o Gomes, que pelo que estamos acompanhando dá sinais de ser um gestor visionário, já melhorou a Jaboatão Velha e o caótico trânsito do centro, tem projetos de convênios em fase avançada para melhorar o saneamento já que a cidade é apenas 8% saneada, aumentar a areia da orla parando de vez com a avanço contra os prédios e na etapa seguinte construir um calçadão e uma avenida que ligará Piedade a Boa Viagem. As cidades fazem parte de capítulos da história de Pernambuco e do Brasil, mas de longe é possível comparar o que esta sendo feito hoje lá, com o que é feito hoje aqui!


Helder Sóstenes
Diretor da unidade PETCURSOS em Vitória.

2 pensou em “Qualidade de vida ameaçada

  1. Gostei bastante do texto. Infelizmente não é só criar emprego e investir na economia, existem varias questões relevantes que devem ser estudas para não prejudicar o crescimento como: o urbanismo,infra-estrutura,meio ambiente,o acesso da população aos bens de serviço,educação,lazer…

    A questão é complexa e merece atenção.

  2. Concordo com o Blog parabéns a vocês, nada de crescimento neste ultimos anos, vemos vários loteamentos sem a minimia estrutura serem vendidos. a cidade cresce desordenadamente para os lados.. enquanto isso os prefeitos que passam nao faz o dever de casa. Como diria Boris Casoy isso é uma vergonha.

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