Às 16h:30min do dia 7.9.1822, ao aproximar-se do riacho do Ipiranga, Pedro I, com apenas 23 anos, declarava a independência do Brasil.
O que motivou a independência de um país dominado pelo analfabetismo, pobreza, latifúndio e tráfico negreiro?
Em verdade, o grito do Ipiranga foi uma consequência direta da fuga da Corôa para o Brasil, em 1808.
Ao empreender melhorias na colônia, D. João VI despertou ressentimentos nas cortes portuguesas, que culminaram na Revolução Liberal do Porto (1820).
Esta revolução impôs uma série de exigências, dentre as quais, o retorno da Corôa para Portugal.
D. João VI voltou, mas deixou o seu filho.
Pressionado pelas circunstâncias e, principalmente, temendo ver o seu poder esvaziado, Pedro I decide declarar a independência do Brasil.
As questões que nos impõem, porém, são muitas.
Um olhar atento demonstra que, na verdade, o imperador tornou-se um grande avalista de um pacto nacional em que a elite agrária escravista apoiava o trono e, em troca, recebia a garantia de que os seus interesses seriam preservados.
Isso explica porque o Brasil nunca fez uma reforma agrária, foi o último país da América a acabar com o tráfico negreiro e o último a abolir a escravidão.
Passados 202 anos, os nossos problemas congênitos mantém-se mais atuais do que nunca.
Jamais o país saldou a dívida histórica com o legado perverso da escravidão.
Simulou que resolveu o problema com a Lei Áurea, mas nunca se preocupou em incorporar a população negra à sociedade brasileira.
Sob um outro aspecto, é lamentável que a historiografia oficial negue-se a reconhecer os outros episódios sangrentos que custaram a vida de centenas de brasileiros, bem distantes do centro-sul do país, como a Revolução de 1817, em PE, a Batalha do Jenipapo, no PI, e o 2 de julho baiano.
Por fim, a triste constatação: em 2022, o país voltou ao Mapa da Fome.
Apesar de figurar entre as maiores economias globais, o Brasil enfrenta o paradoxo de ter milhões de pessoas vivendo em situação de fome.
Neste dia da Independência, vale a reflexão de Herbert de Souza, o Betinho: “a fome é política e quem tem fome tem pressa”.
Um bom feriado, gente!
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