Sobre Niemeyer & Burle Marx, Acácio & Janete – por Marcus Prado

AO FAZER minha leitura da revista Zelo (Goiás), deparei-me, há poucos dias, com o destaque nas páginas de Cultura dado ao prestígio internacional de Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx; às linhas curvas do arquiteto e às formas fluidas do paisagista e artista plástico. Burle Marx, conhecido como “o poeta dos jardins”, era de origem pernambucana. Sua mãe, Cecilia Burle, nasceu no Recife, deixou sua memória como pianista e concertista do Teatro de Santa Isabel. O arquiteto e urbanista Oscar Niemeyer, com os seus mais de 700 projetos ao redor do mundo, surpreende até hoje acadêmicos e leigos com as formas inesperadas, as curvas “infinitas” e um equilíbrio que parece impossível à primeira vista.
Há um diferencial na biografia de Burle Marx: além de ser reconhecido como o mais celebrado paisagista do seu século, no mundo inteiro, tornou-se pintor disputado por galerias de arte não só do Brasil.
A revista destaca em longa matéria sobre a influência dos dois ícones brasileiros na moderna arquitetura e no paisagismo de Miami, cidade que tem sido um lucrativo mercado de construções de vanguarda não só residenciais, a que mais cresce em empreendimentos nos EUA. Este prestigio arquitetônico de Miami, que alia cultura, arte e sustentabilidade, pode ser visto, segundo a revista, em um edifício residencial que está em construção no bairro Brickell e conquistou o primeiro certificado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) nos Estados Unidos. Sabe-se que foi marcante nesse empreendimento milionário, de imponência arquitetônica, o ideário estético de Niemeyer de um lado e de preservação ambiental e paisagístico de Burle Marx. Em 1943, o paisagista que mais embelezou o Recife (um paisagismo simples e harmônico) participou de uma exposição de arquitetura em Nova York, a “Brazil Builds: Architecture New and Old, 1642-1942”, no prestigiado Museu de Arte Moderna (MoMA). Tornou-se conhecido no Institute of Contemporary Art, Miami – ICA Miami com amostra dos seus projetos de paisagismo, e nas Bienais de Arquitetura e paisagismo desse país.
Outra intenção desse meu breve artigo, é a memoria de dois amigos de Burle Marx: Acácio Gil Borsoi, que completaria em 2024 o seu centenário de nascimento (uma data que não deve passar em branco no Recife) e a divina Janete Costa, que se tornaram grandes colaboradores de Burle Marx, desde a temporada do paisagista no Recife, marco inicial da sua carreira, assinalada pela conquista de prêmios e grandes homenagens como a que lhe foi prestada, nos EUA, no Jewish Museum, (Nova York): “Roberto Burle Marx: Brazilian Modernist”, que reuniu 150 obras do paisagista – de pinturas e esculturas às peças de tapeçaria e joias.

Marcus Prado – jornalista 

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