O vice de Paulo para 2024: imposição, submissão ou gratidão?

Notícias nas mais variadas plataformas de comunicação, recentemente, alardearam que a executiva estadual pernambucana do partido político MDB – Movimento Democrático Brasileiro – realizou encontro para uma definição eleitoral, visando o pleito municipal que se avizinha – eleições municipais 2024.

Gigante no País, em Pernambuco, organicamente falando, a referida agremiação joga na 2º divisão. No último pleito estadual (2022), por exemplo, não apresentou nenhum nome à disputa majoritária e não conseguiu sequer montar uma chapa, visando um assento na ALEPE. Já para deputado federal, disputou e manteve a vaga já ocupada, , mudando apenas de nome: saiu Raul Henry, entrou Iza Arruda.

Pois bem, independente de qualquer desempenho da sigla, provincialmente, nas últimas décadas o MDB – que já foi PMDB – carregou e carrega  em si um simbolismo nacional,  que representa, entre outras coisas,  pluralidade democrática. Concretamente, possui, também, um amplo latifúndio,   quando o assunto é “tempo de televisão” que, na hora da onça beber água, convenhamos, se configura em  moeda importante em qualquer arrumação eleitoral, naquilo que chamamos de coligação partidária.

Na Vitória de Santo Antão, há muito tempo, até por uma questão histórica, iniciada pelo ex-prefeito José Augusto Ferrer de Moraes, coube ao conceituado empresário, Alexandre Ferrer, à presidência do diretório municipal,  do sempre cobiçado MDB.

No mundo próprio da política, bem distante dos olhos dos eleitores, ninguém ascende aos espaços de destaques, quer seja no campo municipal, estadual ou federal sem a segurança real do controle de uma sigla partidária.  Esse é o jogo jogado e ponto final.

Figura presente nos registros fotográficos da sigla (MDB), em Pernambuco,  e fora dele,  o atual prefeito da Vitória, Paulo Roberto Leite de Arruda, ao longo da sua carreira politica, que começou, concretamente,   lá,  em 1996, compondo a chapa com o então candidato,  Carlos Breckenfeld, já constou na lista de filiados de uma penca de partidos políticos. Mas nunca encontrou  vida fácil e guarida segura em nenhum deles.

Foi nesse contexto que, em março de 2020,  o MDB municipal –  num gesto concreto de firmeza e independência – acolheu, em ato festivo, realizado no Clube Abanadores “ O Leão”,  na qualidade de filiado, o aspirante a prefeito Paulo Roberto.

Sem menosprezar ou mesmo sem deixar de  sublinhar sua capacidade e  determinação de avançar, poderíamos dizer que foi a partir da sua entrada no MDB que Paulo começou a “virar gente” na política. Até porque, até então, nas mais de duas décadas em que militou na área,   o mesmo  sempre esteve caminhando sob a areia movediça e o terreno pantanoso partidário, controlado pelo seu líder político Elias Lira.

Eleito prefeito (2020),  ostentando o número 15, numa eleição atípica, em plena pandemia do covid-19, Paulo,  através de investimento financeiro na mídia estadual e traçando uma campanha em cima da chamada “estrutura”, em 2022, conseguiu emplacar um mandato de deputada federal para a filha. Algo que ampliou, consideravelmente,  o seu espaço no MDB pernambucano e nacional. Tudo isso, vale lembrar, teve como ponto de partida a acolhida do MDB municipal, diga-se: Alexandre Ferrer.

Nos próximos dias, estaremos adentrando em 2024, o chamado “ano eleitoral”. Não é segredo para ninguém que o atual gestor já acionou a chave da “reeleição” e encontra-se em plena pré-campanha, mesmo jurando de pé juntos que não. Aliás, segundo os “eleitores contemplados” de Paulo, o mesmo já se encontra reeleito.

E é nesse clima de “já ganhou” que as especulações, no que se refere ao vice da chapa de 2024, começaram a ganhar tonalidade. Dizem alguns, que o atual vice-prefeito, Edmo Neves, já é “carta fora do baralho”. Em matéria já postada aqui no blog, inclusive,  já elenquei minhas impressões relacionada ao descarte do Edmo. Aliás, se o Edmo estivesse na posição de prefeito e o Paulo de vice, a situação seria a mesma, até porque, os dois entendem perfeitamente o que significa a palavra  pragmatismo político.

Já para as pessoas mais próximas ao prefeito, onde tem muita gente empolgada e deslumbrada, comenta-se que Paulo deveria  ter como vice uma “pessoa de sua total confiança”. E até explicam: “é porque, se ele precisar, daqui a dois anos  ser senador  da republica não perderia o controle da gestão”.

Mas existe, também, outra corrente de pensamento, de pessoas que já foram até apelidadas “viúvas de Elias Lira”, que trabalham  com “a certeza” de que o melhor nome para compor a chapa é o do velho cacique, ou seja: do ex-prefeito Elias Lira, até porque, segundo alguns  “cientistas políticos”, se assim não for feito, Elias poderá colocar água no chopp da festa da reeleição do prefeito, ou seja:  lançando-se ou apoiando um nome para disputar o Palácio Municipal.

Analisando e fazendo a  chamada “digestão das ideias”, considerando todas essas especulações,  alerto que nunca devemos achar que eleição se ganha por antecipação. Até porque, qualquer fato novo, poderá mudar radicalmente o cenário atual. É verdade que o jogo favorece à quem está no poder, mas no pleito anterior, vale lembrar, em Vitória,  pela primeira vez,  um candidato “sentado na cadeira”,  perdeu.

No meu modesto entendimento se Paulo acolher, como vice na próxima chapa,  o ex-prefeito Elias Lira, que no jogo local representa o atraso,  numa foto “em preto e branco”,  passará o recibo, aos mais atentos, que cedeu a uma IMPOSIÇÃO.

Na hipótese de promover um(a) “auxiliar” à pop star político, apenas  revelará seu desejo de se eternizar, algo tão criticado no grupo opositor, ou seja: os vermelhinhos. Essas figuras, diga-se de passagem, que ascende pelo crivo da SUBMISSÃO, são peças que se encaixam no tabuleiro – perfeitamente –  apenas para cumprir missões “muito delicadas”. De quebra, nessa composição, Paulo revelaria uma soberba desmedida.

Para encerrar essas linhas, em que fiz um pequeno apanhado de parte dos comentários políticos que estão rolando nos encontros festivos, recreativos e também nas redes sociais,   não poderia deixar de opinar, no que seria, aos meus olhos,  nessa questão (chapa 2024) um ato de justiça, realizado pelo atua prefeito.

Se Paulo Roberto tivesse no coração e na cabeça amplo sentimento de GRATIDÃO, algo raro no meio político, enxergo que o mesmo teria de formular publicamente um convite ao Empresário Alexandre Ferrer, no sentido da composição da chapa para 2024. Aliás, ele reúne todas  qualificações possíveis para somar em qualquer chapa política/eleitoral. Se ele aceitaria ou não é uma questão que cabe exclusivamente a  ele. Mas, para fechar a ideia,  volto a dizer: Paulo Roberto só “virou gente” na politica por conta da sua filiação no MDB municipal, diga-se: Alexandre Ferrer. Segue o barco eleitoral, rumo à 2024……

4 pensou em “O vice de Paulo para 2024: imposição, submissão ou gratidão?

  1. O doutor Paulo Roberto vem ao longo desses poucos anos fazendo uma administração que encanta os olhos daqueles que sempre imaginaram uma Urbi (cidade) mais próxima, mais dinâmica na solução de problemas crônicos, à décadas; vide o que fez para combater os alagamentos, as invasões de nossas praças por barraqueiros, abertura de ruas, de espaços, etc…
    O povo da nossa Urbi, creio, ficaria surpreso em ver o senhor Elias Lira, um idoso que já fez muito por nossa cidade, não obstante também ser o responsável pelo gargalo urbanístico que hoje vivenciamos, voltar a algum cargo público.
    Lembremos que o mesmo foi um dos que permitiu barracas em nossas praças, permitiu a invasão da “beira do Rio” Tapacurá, que permitiu o loteamento dos cargos comissionados com sua Trupe de bajuladores, esse mesmo “bom” velhinho que administrava a Cidade de Antão de dentro de seu armazém esqueceu de calçar ruas, de desobstruir esgotos – mas lembrava de vender charque!!!
    Hoje, vejo Eu, que a Cidade respira novos ares administrativos graças a decisão e a capacidade de querer fazer do atual prefeito. O problema é que a favelização de séculos “operada”, “arquitetada” pela classe política a décadas não se resolve nem a médio prazo!
    É observável que o atual gestor é disposto, é trabalhador, gosta do que é funcional e bonito!
    O retorno à politica do Senhor Elias Alves de Lira é um contra senso total: muitos votaram nessa dupla que hoje comanda nossos destinos, porque, mesmo sendo apadrinhados pelo rude, grosso, ex prefeito, representavam uma mudança frente ao Aglailson Junior.
    Querer o retorno de Elias Lira é afrontar o bom senso da sociedade que vê mudanças acontecendo: botar o grosso velhinho na chapa majoritária é um desestimulo enorme para aqueles que desejam novos ares administrativos. Será que alguém sério nesta Cidade ainda favelada acredita que “seu Elias” tem condições de integrar-se a um mundo contemporâneo como o nosso?
    Será que seu Elias, o barraqueiro da Praça da Matriz teria coragem, bom senso, altives de retirar as barracas de nossas praças?
    Quando vejo figuras como seu Elias, Zé do Povo, quererem ou serem citadas a voltar à nossa política lembro de Zenão que dizia:
    “Todos nós podemos errar, mas a perseverança no erro é a verdadeira loucura“.
    Essas figuras já deram suas contribuições dentro do seu Urbi (mundo) histórico.
    Paulo Roberto tem sido um ótimo administrador, pois como disse o poeta: “tem duas mãos e o sentimento do mundo”!
    Analisemos a figura do atual vice:
    Os meios políticos não o deglutam bem, creio, por dois motivos básicos:
    I. é independente demais, é ousado; e, mesmo sendo cria de seu Elias Lira, soube em momentos cruciais afastar-se e ter votos!
    II. Não é confiável, não pela independência, mas pela arrogância, prepotência no trato com os “amigos”.
    À boca miúda diz-se que só pensa em si e na sua família, em seu laboratório de análises chamado ORION.
    Alguns vereadores, em verdade, têm ojeriza ao nome do mesmo, posto que se lembram da época em que foi presidente da Câmara de Vereadores, etc…
    É tido, como um estouvado no trato dos conflitos – o que em política é péssimo!
    Bem: no mundo simbólico do Olimpo já dizia Zeus, segundo Epiceto:

    “Você pode amarrar minha perna, mas nem Zeus tem o poder de quebrar minha liberdade de escolha.”

    Teremos nós vitorienses dificuldades de votar no atraso novamente; e seu Elias Lira hoje significa o atraso administrativo!
    Senhor Cristiano Pilako sou estoico, termino estoicamente lembrando o que o general Marco Aurélio um dia, a séculos passados ensinou:

    “O objetivo da vida não é estar do lado da maioria, mas escapar de se encontrar nas fileiras dos loucos.”

  2. Acredito que o ideal seria deixar professor Edmo Neves na vice novamente, a gestão municipal vem alcançando bons resultados de aceitação com a composição política do jeito que está, em time que está ganhando não se mexe.

  3. Vamos analisar em termos de articulação política? O professor Edmo hoje tem uma certa expressividade política quando se trata de apoio e atração de investimentos entre município e estado, visto que foi o principal articulador político da zona da mata e parte do agreste na promoção da então governadora Raquel Lyra. O filho do professor Edmo, o Arthur Neves, hoje é diretor de desenvolvimento de Suape por indicação da própria governadora, acredito que Edmo tem total capacidade de gestão e capacidade política para seguir a parceria com o prefeito Paulo Roberto. Agora o que Elias Lira tem a acrescentar? acredito que o tempo dele na política da cidade já passou, além de que o seu filho, Joaquim, deixa muito a desejar como deputado.

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