Meados da década de 60.
Certo dia, o poeta João Cabral de Melo Neto jantava na Cantina Fiorentina, no bairro do Leme, Rio de Janeiro, com seus colegas Fernando Pessoa Ferreira e Felix de Athayde.
Repentinamente, ouviu-se um rumor na varanda e Cabral perguntou o que estava acontecendo.
“É o Chacrinha, que acabou de chegar”, disseram.
“Chacrinha, quem é Chacrinha?”, indagou Cabral.
“É um apresentador de tevê, muito famoso”, responderam.
Cônsul do Brasil em Barcelona, com raras vindas ao Rio de Janeiro, e famoso por não se interessar por música, o “poeta engenheiro” estava por fora do que acontecia por aqui, jamais reconhecendo um apresentador tão original e autêntico como Chacrinha.
Chacrinha, então, entrou pela Fiorentina, cercado de dez ou quinze assistentes.
Ao se aproximar da mesa de Cabral, estacionou e olhou-o por um segundo.
Então, abriu os braços e exclamou: “Cabral!!!”.
O poeta levou um susto, mas não deixou a bola cair: “Abelardo!!!”.
Levantou-se no ato e os dois abraçaram-se.
O poeta João Cabral de Melo Neto e o apresentador Abelardo Barbosa, que eram colegas de primário no Colégio Marista, no Recife, e que não se viam há mais de 30 anos, tinham acabado de se reencontrar.
Que momento sui generis na vida desses dois pernambucanos ilustres!
Se vivo estivesse, Abelardo Barbosa, o nosso “Chacrinha”, completaria amanhã, 30.09.2023, 106 anos! 🙏🏼
.
Siga: @historia_em_retalhos
https://www.instagram.com/p/CxxSd-juPVk/?igshid=MTc4MmM1YmI2Ng%3D%3D