Banguê – por Marcus Prado.

QUANDO VI A PRIMEIRA vez um exemplar de banguê em exposição no Museu do Homem do Nordeste, da Fundação Joaquim Nabuco, tive a impressão de que era uma maca de varas pretas, aquela que serve para carregar bêbados em noites de forró matuto. Depois, vi que era uma má comparação, culpa do meu olhar distorcido diante do visor da câmera. Imaginei que se tratava de uma rede feita de varas de pescar na escuridão. Fui levado a pensar que se tratava de uma peneira de tapar o Sol em tardes de verão.

Por falar de Sol e de banguê, lembrei-me que há muitas referências ao Sol na Bíblia. Esta grande estrela é citada na criação em Gênesis, Salmos e nas profecias. Por fim, no Nordeste, não se falará de banguê de engenho de cana-de-açúcar sem trazer à cena o nome do escritor paraibano José Lins do Rego. Banguê, romance, é o titulo do terceiro volume do ciclo da cana-de-açúcar. Conta a história de Carlos voltando ao engenho do avô após se formar em Direito no Recife, um turbilhão melancólico de lembranças.

Marcus Prado – jornalista. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *