O massacre de Serra Pelada – por @historia_em_retalhos.

A mina de Serra Pelada, no Pará, ficou conhecida como o maior garimpo a céu aberto do mundo.

Aquele lugar, que remetia ao sonho de poder e fama, atraiu milhares de aventureiros, a partir do início da década de 80, compondo a imagem de um formigueiro humano, em um vaivém frenético, em busca da fortuna instantânea.

No auge da produção (1982/1986), cerca de 120 mil pessoas viveram em Serra Pelada.

Para trás, porém, ficou o legado de degradação ambiental, omissão do poder público, impunidade, miséria e violência.

Foram muitos os massacres naquela região (sendo impossível contabilizar o número de corpos), mas o mais sangrento deles aconteceu em 1987.

Naquele ano, a mobilização dos garimpeiros que reivindicavam caminhões e tratores para o rebaixamento da grande cava ganhou força em 27 de dezembro, quando uma enorme assembleia de trabalhadores foi realizada.

Parte deles, cerca de 4 mil, seguiu em transportes particulares até Marabá, coordenados por Jane Rezende, a primeira mulher líder de garimpo no Brasil.

Como não foram atendidos pelas autoridades do estado, interditaram o acesso à ponte sobre o Rio Tocantins, impossibilitando a passagem das locomotivas da Companhia Vale do Rio Doce, grande interessada na área.

A chacina ocorreu em 29 de dezembro.

Por volta das sete da noite, 500 homens da PM armados de fuzis e metralhadoras encurralaram os garimpeiros de um lado da ponte, enquanto a tropa do Exército fechou a outra cabeceira.

As vozes foram abafadas a tiros e bombas de gás lacrimogênio.

Dezenas tombaram ali mesmo.

Outros tiveram os corpos pisoteados por aqueles que tentaram escapar na escuridão.

Houve, ainda, aqueles que se jogaram do alto do vão central, de altura superior a 75m, caindo sobre pedras no leito do rio.

O número oficial de mortos e desaparecidos foi de 79 pessoas, mas se fala em até 133 vítimas.

A mesma estratégia da PM do Acre voltou a ser repetida, anos mais tarde, nos massacres de Eldorado dos Carajás (1996) e de Pau d’Arco (2017).
.
Siga: @historia_em_retalhos

https://www.instagram.com/p/CmtQMzGOdRg/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *