Recentemente, a camisa usada por Diego Maradona no jogo contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986 foi leiloada pela casa de leilões Sotheby’s.
A peça, que tinha como lance inicial o valor de US$ 5,2 milhões, acabou arrematada por US$ 9,3 milhões (o equivalente a R$ 44,5 milhões), tornando-se, assim, a maior venda de um artigo esportivo da história.
Naquele jogo, Maradona marcou os dois gols contra a Inglaterra (o famoso gol “Mano de Dios” e aquele que é considerado o mais bonito da história das Copas, em que ele driblou quase todo o time inglês).
Uma das narrações mais famosas do gol, de Victor Morales, pergunta aos gritos:
“De que planeta você veio? Para deixar pelo caminho tantos ingleses…”.
A peça permaneceu durante 35 anos com o ex-meio-campista inglês Steve Hodge, que trocou de camisa com Maradona ao término da partida.
Para além do brilho e do talento de Diego Maradona, porém, a importância daquele jogo para o povo argentino teve uma razão histórica: a partida aconteceu quatro anos após a Guerra das Malvinas entre Argentina e Reino Unido.
O conflito terminou com uma derrota humilhante da Argentina, morrendo 649 soldados e três civis, mais do que o dobro dos britânicos.
A noção de que os ingleses usurparam um território argentino e de que o país teve os seus direitos soberanos violados por uma potência estrangeira é profundamente arraigada na sociedade argentina até hoje.
Em verdade, Maradona sintetizou toda a revanche que a Argentina esperava dar à Inglaterra, desde as Malvinas.
E o craque não tinha o menor pudor em ser esse porta-voz de seu povo, dentro das quatro linhas e fora delas.
Se observarmos, em diversos momentos da história, o esporte ultrapassa as competições e reflete o contexto geopolítico de sua época, para o bem ou para o mal.
Muito da idolatria que o povo argentino guarda para com Maradona, até hoje, deve-se a esse fato: Diego personificou o sentimento do seu povo.
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