Enchentes: 1975, 2005 e 2022 – comparações e pedagogia!

As recentes chuvas que caíram em nossa “aldeia” – Vitória de Santo Antão – deixou um rastro de destruição e ensinamentos. A cidade segue  contabilizando  os prejuízos,  sobretudo na direção da população mais carente que tiveram, em alguma medida, suas casas invadidas pelas águas. No contexto histórico das enchentes,  ocorridas em solo antonense, essa de “maio de 2022”, doravante, deverá se juntar a outras já catalogadas, com destaque para os eventos  de 1975 (julho) e 2005 (junho).

Nesse contexto  lembremos  que foi exatamente há 17 anos – no dia 02 de junho de 2005 – que nossa cidade  foi “dragada” pelas águas que avançaram além do curso natural do Rio Tapacurá –  ainda anotada  como  a enchente que mais castigou a cidade em todos os sentidos. Antes, porém, devemos sublinhar alguns dados técnicos entres os respectivos eventos acima citados.

Na enchente de 1975 registrou-se  precipitações pluviométricas para o mês de julho na ordem de 436mm. Para o mês de junho de 2005 o volume registrado chegou a 621,7mm. Detalhe: 250mm apenas nos dias 02 e 03 de junho. Já em maio de 2022, apesar do volume ser bem acima da média para um mês de maio na nossa cidade, registrou-se 385,4mm e para os dias 27 e 28 (sexta e sábado) 138,5mm.

Em 2005, além do expressivo volume d’água das chuvas, o Rio Tapacurá, no trecho  local,   foi  impactado, também, com a chuvarada  de outras cidades  e regiões – rio acima –  que no seu  curso natural, ao passar por Vitória, ganhou volume e avançou para o centro  comercial da cidade de maneira repentina, motivo pelo qual, entre outros estragos,   promoveu  derrubada de pontes  e tudo mais que encontrou pela frente “atrapalhando” o seu curso.

Lembremos  que além das mortes trágicas, a  referida enchente (2005) tornou imprestável cerca de 50% dos estoques das casas comerciais localizada no  centro comercial e adjacências. Deixou sem funcionar, por vários dias, as agências bancárias do “corredor”  da Avenida Mariana Amália e também a sede da coletoria estadual.

O colapso no abastecimento regular da COMPESA ficou suspenso por 12 dias e as escolas municipais,  ocupadas por desalojados e desabrigados, interrompidas às aulas,  por mais de 15 dias. Com efeito, nas  semanas seguintes, ocorram  sucessivos recordes de títulos protestados  pelo cartório local,  face à inadimplência coletiva do comercio.

Vitória vivenciou uma anomalia para além da trégua das águas. Tudo isso, claro, sem esquecer do caos social, sobretudo vivenciado pela população menos favorecida, principalmente nas áreas ribeirinhas que tiveram, em alguns pontos, “arruado de casas” destruídos.

No evento similar,  próximo passado – enchente de maio de 2022 – existia por parte das autoridades e órgãos estaduais um alerta prévio emitido, dando conta da intensidade das chuvas. Essa tecnologia, indiscutivelmente,  antecipou medidas emergências. Não obstante o volume de chuva que caiu na última sexta (27) e sábado (28) ser bastante significativo,  os impactos decorrentes dele,  nem de longe,  causaram  os estragos de 2005, por alguns fatores aqui já evidenciados.

Oura coisa que devemos destacar é que o atual  “fenômeno chuvoso”  – “Ondas  de Lestes” – concentrou “suas energias” na faixa litorânea pernambucana (e alguns estados do Nordeste) avançado com menos intensidade para “dentro do continente”, diga-se: Zona da Mata (Norte/Sul). Assim sendo, o Rio Tapacurá não recebeu – antes de passar por Vitória – volume considerável de águas, deixando-o, por assim dizer, “menos volumoso” e,  portanto, menos letal.

Ao que parece, passados poucos dias (5) do indesejado fenômeno chuvoso em nossa cidade a mesma  segue contabilizando os prejuízos, mas, é bom que se diga: sem maiores colapsos.  Tanto é prova que o documento decretando “Estado de Calamidade Pública” , emitido pelo Poder Executivo,  no último dia 28,  foi revogado logo em seguida, no dia 01 de junho de 2022.

Esses, portanto, são eventos naturais inevitáveis. 1975, 2005 e 2022, entre tantos outros momentos de transtornos ocorridos na nossa cidade,  foram  eventos que podem e devem ser comprados, mas sua melhor apreciação, no meu modesto entendimento, diz repeito ao processo pedagógico, no sentido de aprender com eles para uma melhor prevenção dos seus efeitos e, em ato contínuo, à devida aplicação das políticas públicas necessárias como “defesa” para os próximos, sem esquecer, claro,  dos necessários diagnósticos. Para finalizar, lembremos: em 2022 o inverno está apenas começando….

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