NO TEMPO DE EU MENINO – Ponte de Gaiola – Vitória de Santo Antão – PE – por Sosígenes Bittencourt.

A fotografia da Ponte de Gaiola lembra-me a Vila dos Ferroviários e o arruado de Dr. Alvinho. Arruado, aqui, não é “à beira da estrada”, mas “à margem do Rio Tapacurá”. Das enchentes, dos porcos, das galinhas e vira-latas. Da pobreza, dos panos estendidos no arame e das meninas bonitinhas, cheirosinhas a Seiva de Alfazema. Das moçoilas semivirgens debruçadas nas janelinhas de vaso com flor.

Quando menino, eu tinha medo de cair desta ponte; hoje, eu tenho medo de que me empurrem da ponte. Saudade de um tempo de paz. Contava, minha mãe, que atravessou esta ponte, de mãos dadas com meu pai, conduzindo-me a bordo do seu ventre. Sou do tempo em que havia tempo de acompanhar a réstia do sol e contar estrelas. Sou do tempo em que o coral dos grilos executava a sonoplastia das estrelas.

Sosígenes Bittencourt

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