Eulâmpio Valois da Rocha. Fomos vizinhos na Praça Diogo Braga. Após a mudança do dr. Edgard Valois, seu primo, para a nova casa na Rua Melo Verçosa, próximo ao Damas, Rochinha ocupou a casa da Diogo Braga. Tive boa convivência com seus filhos: Cláudio, Cleide e Roberto, amigos de infância. Na época”Seu” Rochinha era sócio de Inácio no Cine Braga e aprendiz de farmacêutico na Farmácia Galeno, situada na Praça Duque de Caxias, de propriedade do primo Edgard Valois. Conta-se um fato interessante sobre sua aprendizagem na Farmácia.
Dado dia, um matuto aprumado chegou à farmácia, conversou com Rochinha e explicou o estado de saúde da esposa: “fraca, debilitada, sempre cansada”. Rochinha manipulou um produto e passou ao cliente com as devidas recomendações. Dois dias depois o matuto, riscando brasa e cuspindo fogo, adentrou o estabelecimento gritando: “minha mulher morreu e o culpado foi aquele moço.” Dr. Edgard aproximou-se, pediu calma, mandou o aborrecido sentar-se. Chamou Rochinha que já estava escondido no laboratório.
– Foi este que lhe vendeu o produto?
– Sim, senhor.
-O senhor trouxe o remédio?
– Claro, aqui está.
– Rochinha, sente-se aqui ao lado deste senhor.
Rochinha atendeu de pronto. Não tinha outra alternativa. Dr. Edgard tomou do frasco e o agitou bem. Agora beba Rochinha. Cegamente, o aprendiz o atendeu. Dr. Edgard serviu uma dose super forte. Agora fiquem os dois aí juntos para esperarem o resultado. Duas horas se passaram e o Rochinha nada de anormal apresentou.
– Sentiu, senhor, disse dr. Edgard. Sentiu, viu que a causa da morte da sua mulher não foi o remédio?
O matuto baixou a cabeça e sem nada falar ganhou a rua. Montou ao cavalo e sumiu.
Recentemente Rochinha confirmou-me esta história.
Eulâmpio tinha outras facetas: gostava de artes e amava compor poesias. Tenho três poemas que ele me repassou. Uma delas é sobre o Sobradinho.
Instituto prestou-lhe uma homenagem outorgando-lhe a COMENDA INSTITUTO HISTÓRICO. Homenagem justa. Um homem probo e íntegro. Obrigado Rochinha pelo seu exemplo como esposo, pai, amigo e bom farmacêutico. Para muitos dos nossos, Dr. Rochinha. Fica o exemplo e a saudade.
Pedro Ferrer – presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória.
.