Bebi leite de vaca decente e comi ovo de galinha séria. Isso foi no tempo do leiteiro. O leite fazia espuma, que era obrigado vigiar.
Só quando o vendedor era indecente é que acrescentava água e avacalhava o leite.
Comi ovo de galinha natural, solta na capoeira, pulando cerca e comendo minhoca. A gema era alaranjada, da cor de um jerimum doce. A gente ficava corado, tinindo de saúde.
Isso foi no tempo que galinha era assassinada no fundo da cozinha, e as crianças eram convidadas a dar o pira para não ficar com pena da vítima. Galinha tinha nome e atendia ao chamado. Hoje, as galinhas são anônimas e decapitadas em série para cobrir a demanda.
Sosígenes Bittencourt