Tradição é mantida: Viva Santo Antão

Na tarde de ontem (17), pontualmente às 17h, os fogos anunciavam o início da procissão do Padroeiro da cidade, o Glorioso Santo Antão. A comunidade católica e a população em geral prestigiaram com emoção e devoção mais uma edição do tradicionalíssimo cortejo religioso. No encerramento após mensagens de fé e esperança houve um bonito show pirotécnico.

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  1. vendo tantos políticos santos na procissão lembro-me de um antigo sermão do Papa Pio XII que dizia assim: O Pároco Bom Pastor

    Defender o rebanho contra os ladrões

    A missão do pastor deverá ser primeiramente de defesa contra os ladrões. Cada redil é espiado por ladrões e salteadores, que espreitam o momento de fazer dele campo da sua rapina. Quando eles se aproximam do redil e penetram nele furtivamente, não têm mais que um fim: roubar e destruir.
    Deveis portanto e em primeiro lugar esforçar-vos por identificar e reconhecer os ladrões, procurando não vos deixardes guiar por certo simplismo, que vos levaria a orientar a atenção, as vossas preocupações num único sentido. Como no grande mundo da Igreja universal, também no pequeno mundo da paróquia, o “inimigo” parece um só, mas é múltiplo.

    Não ser mercenário

    Se a guarda do redil, em vez do bom pastor, estivesse confiada a um mercenário, poderia suceder que o rebanho fosse abandonado ou logo dispersasse quando se fizesse sentir o uivo dos lobos, ávidos de presa, prontos para o assalto.
    Hoje as condições do clero dificilmente podem ser um motivo de atração humana, como eram talvez noutro tempo. Num mundo envolvido, como nunca, na rede do interesse, agitado pelo frenesi do prazer e atormentado pela sede de domínio, o sacerdócio é e apresenta-se como qualquer coisa raramente apetecível para aqueles que quisessem permanecer no mundo pertencendo ao mundo. Esforçai-vos para dar esplêndido exemplo do desapego de quanto poderia dar-vos a aparência de “empregados”, que no trabalho não vissem nem buscassem mais que uma paga – justa, de resto capaz de lhes prover ao necessário sustento.
    Sem dúvida, segundo a doutrina do Apóstolo (cf. I Cor 9,13-14) e do Salvador divino (cf. Mt 10,10; Lc 10,7), aquele que serve ao altar tem direito a viver do altar; mas nunca vos recordaríamos demais o sagrado compromisso que um dia assumistes diante de Deus e da Igreja, quando o Bispo vos confiou uma porção do seu rebanho. Nenhum de vós é o mercenário que foge diante do lobo, por nada lhe importarem as ovelhas. Pelo contrário, cada um deseja ser, cada um é, de fato, verdadeiro pastor, bom pastor que nada pretende.

    Procurar as ovelhas que estão fora do redil

    Não esqueçais que cada um de vós é pároco e pastor de todos aqueles que moram no território da sua paróquia, e para bem de todos leva consigo uma tremenda responsabilidade. Não será portanto difícil dar conta de que há ovelhas que não pertencem a esse redil. É o problema das ovelhas que nunca entraram no redil; o problema das que dele fugiram, abandonando a fonte de água viva, para buscar lodo e lama nas cisternas fendidas.
    Ovelhas tresmalhadas, que nem sequer aceitaram que as buscassem; outras, em contraposição, gostariam de encontrar o olhar amoroso que as descubra e a mão piedosa que as recolha e reconforte; outras enfim, que já se dispõem a regressar, e porventura temem ser mal acolhidas.
    Nós vos suplicamos, que permaneçais num estado de santa e quase perene angústia pelas ovelhas ainda afastadas, porque nunca tiveram ou perderam a fé.
    Não duvidamos de que, quando vieram bater à vossa porta, de verão ou de inverno, de noite ou de dia, encontrá-la-ão já aberta, ou pronta a abrir-se.
    E aquelas que não vêm, buscai-as; e as que quisessem permanecer afastadas e hostis, aproximai-vos delas com aquele apostolado da oração e do sacrifício, que não conhece obstáculos e é o mais eficaz de todos.

    Ressuscitar a vida no redil

    Outras ovelhas estão no redil, e não pensam afastar-se, subtraindo-se à unidade da fé ou à unidade do governo; no entanto, permanecendo vítimas do pecado, que se opõe à unidade na graça, são justamente chamadas membros mortos do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja. O pastor, o pároco deve antes de mais encontrar os caminhos mais aptos para obter a sua ressurreição.
    Dissemos já noutra ocasião (Discurso à paróquia de São Saba) que os verdadeiros fiéis, os vivos, se contam ao pé do altar, quando o sacerdote distribui o Pão da vida. Não basta encontrá-las em grande número no cinema paroquial, e nem sequer, de si, apenas na Missa dominical. Mas ainda quando, pela freqüência desta última, fosse possível contar fundamentalmente os fiéis vivos, não é talvez verdade que já assim se apresentaria um espetáculo, nem sempre consolador, aos vossos olhos de pastores? E as blasfêmias? E os pecados contra o sexto mandamento, cometidos pelos jovens, e por aqueles que vivem unidos com o santo vínculo do matrimônio? E os furtos? E os falsos testemunhos?
    A estes mortos deve o bom pastor dar de novo a vida. O sacerdote com cura de almas não pode esquecer que Jesus, Pastor supremo e universal, declarou ter vindo ao mundo para que as ovelhas tivessem a vida; Veni ut vitam habeant (Jó 10,10).

  2. Alimentar as ovelhas já vivas

    E quando considera as ovelhas que estão vivas, não julgue o bom pastor, pároco, que pode ficar tranqüilo. É verdade que em circunstâncias particulares, será preciso deixar as noventa e nove, seguras no redil, para correr atrás da ovelha tresmalhada. Mas ordinariamente será preciso conservar a vida em quem a possui, velando por que a ninguém falte o conveniente alimento espiritual. Será mesmo preciso não se contentar de conservar; deverá também aumentar-se a vida divina nas almas. Veni ut vitam habeant et abundantius haveant (Jó 10,10), proclamou o Redentor, pretendendo que esta fosse também a ânsia dos outros pastores, postos à frente das várias porções do seu rebanho no redil da Igreja.
    É o problema urgentíssimo dos católicos militantes. Será também útil ponderar que estas almas generosas mais facilmente seguirão o pastor que saiba precedê-las com o exemplo.

    Abandono incondicional a Deus

    Talvez um ou outro de vós sentirá o lancinante contraste entre a maravilhosa alegoria do bom Pastor e a cruz realidade presente. Queremos aludir não tanto às dificuldades que se encontram nas grandes paróquias com o seu grandíssimo número de almas, quanto ao tormento em que vivem não poucos párocos em várias regiões: enfraquecimento do espírito de fé; enraivecidos esforços dos adversários para excluir a religião da vida pública; poderosas organizações lançadas na luta contra Deus, Cristo e a Igreja.
    Nós não negamos, que a nau da Igreja avança em mar proceloso todavia quanto maiores são as dificuldades, tanto mais devemos conservar a tranqüilidade, interior e elevar o coração a Deus.
    Nós vivemos de fé. Mas a fé importa um abandono sobre as possibilidades de resultado favorável.
    No momento em que começássemos a orientar o nosso trabalho segundo esse cálculo, afastar-nos-íamos do sentido da fé. Além disso não devemos esquecer que o caminho da Igreja é o caminho da Cruz, e que seguir a Jesus Cristo levando a Cruz é dever primário do sacerdote.
    Foi justamente observado que na história da Igreja há períodos, em que principalmente se lança a semente do futuro desenvolvimento. Depois, as gerações futuras recolhem a messe nos celeiros. Encontramo-nos, porventura, hoje numa dessas épocas de prometedora sementeira? De qualquer modo, se o Mal nos nossos dias aumentou a sua potência, também isso é verdade a respeito do Bem, e a Igreja pôde registrar nos nossos tempos fulgidíssimos exemplos de ardente zelo pela glória de Deus e pela salvação de muitas almas imortais.
    O número daqueles que querem permanecer fiéis a Cristo e à sua Igreja merece sempre, sem dúvida, o pleno exercício das vossas forças, e quanto aos afastados e aos inimigos, valha para eles o holocausto das vossas orações, das vossas canseiras, das vossas ansiedades, e também das vossas esperanças talvez desiludidas (1).

    (1) Ao Pároco e Quaresmalistas de Roma, 27 de março de 1953.

    Fonte: Livro Pio XII e os problemas do mundo moderno, tradução e adaptação do Padre José Martins, 1959.

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