Momento Cultural: Cego de nascença – por Célio Meira

Dr.-Célio-Meira-Escritor

A desdita desse cego,

não há, na terra, quem sonde,

pecados não cometeu,

pelos pais, não responde.

A alma, porém, desse irmão

verá, sempre, a Lei cumprida:

– pagará todos os crimes,

Praticados noutra vida.

Se esta não fosse a verdade,

se esta não fosse a lição,

crime nefando haveria,

nesta injusta punição.

* * *

É bem certa esta notícia,

que nesta quadra, repito:

– minh’alma já tem saudade

das paisagens do Infinito.

Na carta que me escreveste,

naquele estilo tão fino,

não escondeste de mim

o rumo de teu destino.

* * *

Praticando caridade,

não dê, somente, dinheiro,

dê, também, paz, esperança,

ao inditoso companheiro.

* * *

Fui marujo, em outras vidas,

visitei terras geladas,

em cada porto deixei,

três ou quatro namoradas…

* * *

Persegues o Nazareno?

Olhas o mundo, com asco?

Um dia, ouvirás Jesus,

Numa estrada de Damasco.

Estás aflita, intranquila,

com o peso desta cruz?

– Pede, a Jesus, paciência,

E terás sossego e luz.

(migalhas de poesia – Célio Meira – pág. 35 a 37).

 

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