Momento Cultural: ÁRIA – por José Tavares de Miranda

tavares

Numa noite assim
de vento gelado a almas mortas

maus presságios e calafrios
foi-se a donzela.

Numa noite assim
sem esperança de aurora

nem sombra de lua
foi-se a donzela.

Foi a donzela
para nunca mais.

Onde se esconde
sua mantilha de rendas?

Sua grinalda de rosas
onde estará?

Seu coração magoado
de ilusão pulsa ainda?

Em que terra crua
seu cabelo é guardado,

Numa noite assim
de estrelas comidas

em ginete de fogo
seu amado passou

três assovios à porta
e sua amada levou

e em três passos de espera
a sua vida sugou.

Em três passos de espera.

(em TAMPA DE CANASTRA)

José Tavares de Miranda, vitoriense nascido a 16 de novembro de 1919, filho do Prof. André Tavares de Miranda. Fez os primeiros estudos na Vitória, sob os cuidados do seu genitor, e transferiu-se para o Recife, onde teve grande atuação na imprensa. Mudando-se para São Paulo, ali concluiu o seu curso de Direito (iniciado na Faculdade de Direito do Recife) na Faculdade de Direito do Largo S. Francisco, em 1939. Escritor, jornalista e poeta. Teve vários livros publicados inclusive de poesias, sendo estes últimos reunidos em um só volume: TAMPA DE CANASTRA. Faleceu em São Paulo (Capital) a 20 de agosto de 1992.

2 pensou em “Momento Cultural: ÁRIA – por José Tavares de Miranda

  1. Lembro aos leitores do Pilako que o dito era irmão da filósofa Maria do Carmo Tavares de Miranda, professora emérita da UFPE, doutora pela Universidade de Sorbonne, Paris, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, membro da Academia Pernambucana de Letras e que teve a grandeza de incluir o nosso Instituto no seu testamento, contemplando-o entre vários bens (casa, terrenos e peças de artes) com uma rica biblioteca com mais de 12 mil volumes.

  2. Pingback: Prof. Pedro Ferrer comenta no blog | Blog do Pilako

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